25.2 C
Loanda
Segunda-feira, Novembro 25, 2024

Estudo mostra que dependência de energias fósseis põe em risco a saúde humana

PARTILHAR
FONTE:AFP

Especialistas médicos denunciam nesta quarta-feira (26) que o excesso de dependência global em energias fósseis, causadoras das mudanças climática, tem efeitos nocivos para a saúde.

“O mundo está em um ponto de inflexão (…) Devemos mudar. Caso contrário, nossos filhos vão enfrentar uma mudança climática acelerada que vai ameaçar sua sobrevivência”, advertiu Anthony Costello, professor e copresidente da Lancet Countdown [contagem regressiva da revista Lancet, em inglês].

Este estudo anual foi feito por 99 especialistas de 51 instituições, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), sob a supervisão do University College London.

A pesquisa, publicada dias antes do início da Conferência da ONU sobre o Clima (COP27) em Sharm el Sheikh, revela que a maioria dos países continua destinando centenas de bilhões de dólares em subvenções aos combustíveis fósseis.

Estas quantidades são compartilhadas ou inclusive superiores a seus orçamentos sanitários, diz o estudo.

No entanto, “a dependência excessiva e persistente nos combustíveis fósseis agrava rapidamente as mudanças climáticas” e “traz consequências perigosas para a saúde”, adverte.

– Aumentam as mortes relacionadas com o calor –

A elevação das temperaturas e o aumento de fenômenos meteorológicos extremos – que se intensificam com as mudanças climáticas – deixaram quase 100 milhões de pessoas a mais em situação de insegurança alimentar grave do que no período 1981-2020, destaca Elizabeth Robinson, diretora do Instituto de Pesquisa Grantham da London School of Economics, uma das principais coautoras do estudo.

Além disso, as mortes relacionadas com o calor aumentaram 68% entre 2017 e 2021 em relação ao período 2000-2004. Por outro lado, a exposição humana a dias de risco alto de incêndio aumentou 61% com relação a períodos similares.

As mudanças climáticas também têm consequências na propagação de doenças infecciosas, diz o estudo.

O período propício para a transmissão da malária aumentou em quase um terço (32,1%) em algumas partes do continente americano e em 14% na África durante a última década, em comparação com o período 1951-1960.

Em nível mundial, o risco de transmissão de dengue aumentou 12% nesse período.

“A crise climática nos mata. Não só prejudica a saúde do nosso planeta, como também a de todos os seus habitantes (…), enquanto a dependência de combustíveis fósseis se torna incontrolável”, reagiu o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Há um ano, a OMS tinha calculado que entre 2030 e 2050, cerca de 250.000 mortes adicionais ao ano poderiam ser relacionadas às mudanças climáticas.

– Descarbonizar a energia –

Os países contribuem eles próprios com esta crise sanitária que as energias fósseis já subvencionam, reforça o estudo.

Dos 86 governos analisados, 69 subvencionaram a produção e o consumo de combustíveis fósseis em um total líquido de 400 bilhões de dólares em 2019.

É por isso que “a intensidade de carbono do sistema energético mundial (o setor que mais contribui para as emissões de gases de efeito estufa) diminuiu menos de 1% em comparação a 1992”.

“No ritmo atual, a descarbonização completa do nosso sistema energético levaria 150 anos”, destaca o informe.

Paul Ekins, professor de Recursos e Política na Bartlett School do University College de Londres, acredita que as “estratégias atuais de muitos governos e empresas vão confinar o mundo em um futuro fatalmente mais quente” e fortalecerão ainda mais o uso de combustíveis fósseis.

Estes, avalia, “estão encerrando rapidamente as perspectivas de um mundo habitável”.

Diante desta perspectiva, os autores do estudo pedem uma “resposta centrada na saúde”.

A melhora da qualidade do ar evitaria até 1,3 milhão de mortes por exposição aos combustíveis fósseis só em 2020.

E acelerar a mudança para dietas baseadas em plantas poderia reduzir as emissões da agricultura em 55% e evitar até 11,5 milhões de mortes ao ano, relacionadas com a alimentação.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Número de mortos em enchentes causadas pelo El Niño no Quênia sobe para 120

Fortes inundações causadas pelo fenômeno climático El Niño deixaram 120 mortos no Quênia, enquanto pessoas em quase 90 mil...

Temporais deixam ao menos 21 mortos na República Dominicana

Ao menos 21 pessoas morreram na República Dominicana devido às fortes chuvas registradas no país nas últimas 48 horas,...

Chuva forte e inundações atingem Lisboa, moradores são aconselhados a ficar em casa

Chuvas fortes atingiram partes da Península Ibérica nesta terça-feira, inundando ruas, arrastando carros e forçando as autoridades da capital...

Chuva provoca isolamento do Alto Sundi e Miconje

As fortes chuvas registadas, nos últimos dias, no Alto Sundi, provocaram o isolamento com a vila de Belize e...