A Juventude Estudantil de Angola organiza uma marcha neste sábado, 8, em Luanda, para protestar contra a proibição do uso de cabelos compridos em várias escolas.
Mesmo sem qualquer proibição legal, alguns professores e directores de escolas não têm permitido estudantes com o também conhecido “cabelo afro” assistirem às aulas.
Ana da Costa, mãe Azael da Costa, conta as dificuldades por que passa com o “filho negro” com cabelos compridos.
“Meu filho não tem corte indecente, ele foi à escola no primeiro dia, no segundo dia eles não deixaram entrar… éramos 20 pais na mesma situaçao, mas depois surgiu um menino mulato e o menino entrou… nós entendemos que era racismo, não conseguimos mais entender porque todos os dias os nossos filhos ouvem que já não vão poder entrar, é uma situação complicada para nós”, diz Costa.
Uma das organizadores da manifestação de sábado, Evandra Fortunato, diz que o protesto é contra essa atitude discriminatória das escolas e o silêncio das autoridades angolanas.
“Enquanto estudantes, foi com bastante insatisfação que tomamos conhecimento de que, um estabelecimento de ensino, havia impedido um estudante de assistir aulas, enquanto não cortasse o cabelo, pelo facto desse ser crespo, sendo que o mesmo não acontecia com os meninos que tinham cabelo liso e comprido, ou seja de pele branca…”, conta Fortunato, que acrescenta ter recebido muitas outras queixas.
Agora, ela diz exigir “um pronunciamento do Ministério da Educação, do INAC e do Ministério da Cultura” porque “somos africanos e o nosso cabelo é a nossa identidade, negamos a continuar reclusos de qualquer tipo de discriminação pelo nosso tipo de cabelo, cor da pele ou qualquer outro motivo”.
A activista acrescenta não esperar acontecer situação semelhante com ela “para se juntar à causa, vamos todos marchar, do cemitério da Santa Ana até ao Ministério da Educação” contra qualquer tipo de discriminação.
De recordar que o Ministério da Educação pediu recentemente às escolas para respeitarem as diferenças no tocante ao cabelo.
Os estudantes solicitaram no dia 26 do mês passado um encontro com a ministra da Educação mas não otiveram qualquer resposta.