O norte-americano Tibor Nagy, secretário de Estado Adjunto para Assuntos de África, comparou o crescimento rápido da insurgência islamista na província de Cabo Delgado com a ascensão do Boko Haram na Nigéria e disse que os EUA estão a discutir com o governo moçambicano as formas de lidar com o conflito.
Os Estados Unidos vêem preocupação o movimento de insurgência no norte de Moçambique, afirmou o norte-americano Tibor Nagy, secretário de Estado Adjunto para Assuntos de África, urgindo o governo moçambicano a lidar de forma sistemática com um assunto que faz recordar o desenvolvimento rápido do Boko Haram na Nigéria.
Num briefing telefónico sobre a Covid-19 em África e a resposta dos EUA, Nagy foi questionado sobre como o Governo norte-americano vê a insurgência armada na província moçambicana de Cabo Delgado, no norte do país. O conflito entre militantes islamistas e as forças de segurança já deixou mais de 700 mortos e mais de 200 mil deslocados desde Outubro de 2017.
“A insurgência no norte de Moçambique é bastante preocupante”, disse Nagy, aos jornalistas. “Isso passou de um movimento muito pequeno para um movimento muito maior no último ano, ano e meio, e esperamos muito que Moçambique dê toda a atenção para lidar com isso de maneira muito sistemática”.
O diplomata norte-americano explicou que já comparou a situação com a ascensão do Boko Haram na Nigéria. “O Boko Haram era apenas um pequeno movimento e, devido à maneira como o governo nigeriano reagiu inicialmente, transformou-se numa ameaça muito séria, não apenas para o nordeste da Nigéria, mas para os países vizinhos!.
Recordou que a insurgência no norte de Moçambique e Cabo Delgado está numa parte isolada do país. “É o local mais remoto de Maputo. É também uma parte do país que possui diferentes padrões linguísticos, culturais e sociais de grande parte do resto de Moçambique, e também faz fronteira com o sul da Tanzânia, que por outro lado é a parte mais remota da Tanzânia”.
Nagy explicou que a embaixada dos EUA em Moçambique, juntamente com alguns parceiros, “está totalmente comprometida com o governo de Moçambique para discutir as melhores maneiras de responder a essa insurgência para evitar que ela se torne o tipo de ameaça que o Boko Haram se tornou na Nigéria”.