Governo de Cabul garante que vai combater o terrorismo e os Talibans falam em vitória
As forças dos Estados Unidos deixaram nesta sexta-feira, 2, o aeroporto de Bagram, a principal base americana no Afeganistão, e devolveram o controlo da estrutura às Forças de Segurança Nacional do Afeganistão, disse à VOA um oficial americano.
Por quase duas décadas, a base localizada a 60 quilómetros a norte da capital Cabul, serviu como centro da luta dos EUA para retirar as forças dos Talibans do poder e derrubar os terroristas da Al Qaeda, responsáveis pela morte de milhares de americanos a 11 de Setembro de 2001.
A base também era usada pela NATO.
“Todas as tropas da coligação e dos Estados Unidos deixaram a Base Aérea de Bagram na noite passada, escreveu no Twitter Fawad Aman, do Ministério do Interior, acrescentando que as Forças de Defesa e Segurança Nacional do Afeganistão protegerão e usarão a base para combater o terrorismo”.
O general Austin “Scott” Miller, comandante das forças dos EUA no Afeganistão, mantém-se no país para supervisionar as forças americanas, de acordo com a mesma fonte da defesa que falou sob anonimato à VOA.
O porta-voz dos Talibans, Zabihullah Mujahid, saudou o anúncio.
“Consideramos esta retirada um passo positivo. Os afegãos podem se aproximar da estabilidade e da paz com a retirada total das forças estrangeiras”, disse ele à VOA, acrescentando que a retirada foi benéfica tanto para os EUA quanto para os afegãos.
Os meios de comunicação sociais pró-Talibans irromperam em comemorações assim que os relatos sobre os militares dos EUA que deixavam Bagram foram feitos públicos, declarando a vitória dos insurgentes.
Tamim Asey, presidente executivo do Instituto de Estudos de Guerra e Paz, com sede em Cabul, disse que a base de Bagram tem sido o ponto de entrada e saída tanto dos soviéticos quanto dos americanos.
“Como base estratégica e aeroporto, simboliza tudo o que deu certo e errado com a intervenção americana no Afeganistão”, disse Asey à VOA.
Desde 1 de Maio, quando a retirada começou, os Talibans duplicaram o número de distritos que controla, de acordo com o Long War Journal, da Fundação para a Defesa das Democracias.
Bradley Bowman, especialista em defesa e veterano de guerra no Afeganistão, disse esperar que as visitórias dos Talibans “realmente ganhem força”, assim que a retirada for concluída.
O antigo chefe do Comando Central dos EUA, o general Joseph Votel, na reserva, disse à VOA no mês passado que a narrativa da “guerra para sempre” nos EUA teve um papel importante no diálogo político em torno da decisão de retirada, que ele chamou de decepcionante.
Os Estados Unidos prometeram continuar a ajuda financeira e assessoria aos militares afegãos, “além do horizonte”, e apoio de manutenção de aviões.
A NATO informou que continuará a treinar as forças afegãs fora do Afeganistão.
Os Estados Unidos não planeiam apoiar as forças afegãs com ataques aéreos depois da retirada das suas ter sido concluída, garantiu o general Frank McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, em entrevista à VOA há duas semanas.
Ele acrescentou que os ataques de contra terrorismo no Afeganistão serão limitados a casos em que planos de ataque forem descobertos para atacar os Estados Unidos ou aliados.