Com as eleições para a presidência brasileira que decorreram este domingo, a TSF procurou “tomar o pulso” ao sentimento dos cidadãos brasileiros residentes em Portugal.
À porta do consulado do Brasil em Faro, o segurança que se encontra à entrada pergunta a quem chega ao que vem. Depois de tudo explicado, os cidadãos brasileiros tiram a senha e aguardam a sua vez. Alguns vêm tentar saber informações sobre o seu título eleitoral e como se vai processar a eleição no próximo domingo. Jean Carlo Boldori é um desses casos. Vai votar e, pela conversa, percebe-se em quem. Afirma que só com este governo houve um “basta” na corrupção. “Não se transforma um país corrupto há 20 anos em quatro”, sentencia, elogiando o trabalho de Jair Bolsonaro que, em seu entender, deve ficar mais um mandato para “dar continuidade ao plano do governo”.
É fácil verificar durante a reportagem que muitos cidadãos brasileiros residentes em Portugal apoiam o atual presidente.
Maurício Oliveira, que tem um canal no youtube chamado “imigrantes de valor”, não acredita nas sondagens que dão maioria a Lula da Silva. “Isso é o que a mídia manipulada diz”, garante. Assegura que a “sondagem” real é a das redes sociais e essas, em seu entender, não mentem. Este brasileiro, que está há quatro anos em Portugal mas que se “esqueceu” de alterar o seu título eleitoral e, por conseguinte, não pode votar, considera que o mundo não tem sido justo para com o presidente brasileiro. “Na Europa a imagem do Bolsonaro é distorcida, mas admira-me que não se fale na corrupção do PT”, afirma, indignado.
Embora os apoiantes incondicionais de quem está há quatro anos no Palácio do Planalto se façam ouvir, há quem também queira ver Bolsonaro de lá para fora quanto antes. Beatriz, estudante de biologia em Lisboa, deslocou-se ao consulado de Faro por ser mais fácil e rápido o atendimento. Tem 20 anos, está há quatro em Portugal, e vai votar pela primeira vez. “Eu tenho vergonha do meu presidente”, afirma sem qualquer hesitação. “Ele é mal visto na maior parte dos países, tendo em conta aquilo que diz e faz”, acrescenta. Admite que gostaria de ter outras opções no país, mas “entre Bolsonaro e Lula, Lula, decididamente”.
À frente do consulado do Brasil em Faro, Tiago montou uma “lanchonete”, uma pastelaria que abriu há algum tempo. É ali que muitos brasileiros se juntam, mas Tiago assegura que não vai votar. Num sistema em que o voto é obrigatório e se paga multa, prefere pagar a coima, que é irrisória, cerca de três reais (à volta de 40 cêntimos). No entanto, tem assistido a discussões acesas no seu estabelecimento.
“Às vezes gera-se um clima um pouco tenso”, admite. Lamenta que “haja tão poucas opções” para os eleitores e acredita que um país de aproximadamente 213 milhões de habitantes teria muito mais para oferecer.