Um estudo demonstrou uma taxa de resposta positiva de 100% de 42 doentes com um tipo específico de cancro do reto.
Um estudo do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSK), sediado nos EUA, e a empresa farmacêutica GSK, revelou uma taxa de 100 % de sucesso no tratamento de doentes com cancro no reto que participaram no ensaio clínico.
O estudo analisou um novo medicamento chamado dostarlimab-gxly para tratar doentes com um tipo específico de cancro do reto, causado por uma mutação genética.
“Como médica, vi em primeira mão o impacto debilitante do tratamento padrão do cancro do reto dMMR e estou entusiasmada com o potencial do dostarlimab-gxly nestes doentes”, afirmou Andrea Cercek, chefe da secção de cancro colorrectal da MSK e investigadora principal do estudo, no comunicado.
MMRd, em inglês “mismatch repair deficient”, é um tipo de cancro em que as células têm um sistema de reparação do ADN disfuncional. Estes casos representam cerca de 5% dos cancros do reto.
O tratamento atual para este tipo de cancro é a radioterapia, a quimioterapia, a cirurgia ou uma combinação destes tratamentos.
De acordo com a Clélia Coutzac, médica oncologista que não participou no estudo, os tratamentos têm muitas vezes um forte impacto na qualidade de vida do doente, principalmente, aqueles que têm perturbações intestinais, incontinência intestinal ou disfunções sexuais.
Como é que o dostarlimab funciona?
“Uma vez que os dMMR são tumores hipermutados, são muito visíveis para o sistema imunitário, que inicialmente vê as células cancerígenas como estranhas e vai matá-las. Contudo, com o passar do tempo e a evolução do cancro, o sistema imunitário deixa de funcionar”, explicou Coutzac à Euronews Health.
“O que funciona muito bem nestes tumores é reativar o sistema imunitário com imunoterapia e, neste caso, com o dostarlimab da GSK, um medicamento que orienta os linfócitos para reconhecerem novamente as células cancerígenas como nocivas e matá-las”, acrescentou a responsável.
Os doentes que seguiram os tratamentos, durante seis meses, apresentaram uma resposta clínica completa, sem “qualquer indício de tumor”, detetado por ressonância magnética, endoscopia ou exame digital durante o acompanhamento, segundo o comunicado da GSK.
Clélia Coutzac descreveu os resultados como “espantosos”.
Mais investigação em curso
Apesar destes resultados “espantoso”, antes de o dostarlimab chegar ao mercado é necessária mais investigação.
Um estudo global denominado Azur-1 foi concebido para testar a eficácia do dostarlimab-gxly quando utilizado isoladamente, em vez de quimioterapia, radiação ou cirurgia, e para confirmar os resultados do MSK.