As pequenas e médias empresas, com contabilidade devidamente organizada, poderão recorrer, em breve, a financiamentos, via mercado de capitais, disponíveis em companhia de seguradoras e fundos de pensões, como alternativa dos bancos comerciais.
De acordo com o director do Gabinete de Desenvolvimento do mercado da Comissão de Mercado de Capitais, Wamilson Rangel, existem fundos de pensões e seguradoras que necessitam de aplicar parte dos seus activos em actividades de financiamento da economia.
Ao falar no workshop sobre “ Financiamento das Empresas via Mercado de Capitais”, referiu que a CMC está a aproximar os empresários que necessitam de capital aos produtos disponíveis, como alternativa dos meios tradicionais (empréstimos) dos bancos comerciais .
O mercado angolano conta com oito entidades gestoras que administram 32 fundos de pensões e dispõem de activos na ordem dos 150 mil milhões de kwanzas.
Actualmente, os fundos de pensões em Angola tem mais de 60% dos seus activos concentrados em depósitos bancários e menos de 10% investidos em obrigações e acções de empresas, segundo o administrador da Agência de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), Jesus Teixeira.
Tal situação não está de acordo com o diploma legal que regula as regras de diversificação e dispersão das aplicações financeiras dos fundos de pensões, que estabelece para este tipo de activos, limites máximos de 60% em depósitos em bancos e 50% em obrigações e acções de empresas.
Jesus Teixeira, que falava no workshop, numa iniciativa conjunta da Comissão de Mercado de Capitais (CMC), ARSEG e a Associação Industrial de Angola (AIA), referiu que o financiamento vai servir como alternativa de empréstimo às empresas, pois actualmente os bancos comerciais optam por financiar mais o Estado com títulos de tesouro.
Dada a sua natureza de longo prazo, os fundos de pensões podem facilitar e acomodar activos menos líquidos, investindo neste segmento, com retornos mais elevados.
Entre outras vantagens, os fundos de pensões, enquanto investidores institucionais, podem desempenhar efeitos significativos sobre os mercados de capitais na retenção de activos de maiores prazos como acções , dívida corporativa, quotas de fundos de investimento e na mobilização de recursos para projectos de investimento de longo prazo das empresas.
Para o administrador da ARSEG, existem margem para que os responsáveis da política de aplicação de fundos tenham uma atitude mais criativa e pro-activa, através dos seus investimentos, transferir para as empresas a sua cultura de gestão baseada no rigor, transparência e prestação de contas.
Por outro lado, alguns desafios são colocados à ARSEG e ao Executivo, para que os fundos de pensões desempenhem de facto um papel mais relevante no financiamento e crescimento angolano.
Entre os desafios consta a literacia financeira, a concessão de incentivos fiscais aos fundos de pensões e as contribuições efectuadas pelos seus associados e participantes.
O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, referiu que, com esta iniciativa, se observa uma diversidade no mercado em termos de financiamento.
A falta de comunicação daquilo que é o potencial de financiamento disponível vindo do mercado de capitais, bolsa de valores e fundos de pensões constituiu uma lacuna “grave”, para que as pequenas e médias empresas optassem por outras oportunidades de financiamento.