Há pelo menos 13 anos que não havia tantas pessoas a trabalhar em Portugal: os números do emprego subiram, no primeiro trimestre de 2024, para um novo máximo desde que a atual série estatística começou, em 2011. O volume total da população empregada voltou a ultrapassar a fasquia dos cinco milhões, ao subir para 5.019.000, segundo os dados agora publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo o INE, foram os homens, as pessoas entre os 25 e os 34 anos e os detentores do ensino secundário ou pós-secundário as faixas que mais contribuíram para este acréscimo.
O aumento do emprego neste trimestre do ano deu-se tanto entre os trabalhadores por conta de outrem (23.200 pessoas, +0,5%), como no grupo dos trabalhadores por conta própria (15.900 pessoas, +2,3%), situando-se nos 720.000 profissionais.
Segundo a análise aos números feita pela Randstad Portugal, o emprego aumentou em todos os grandes setores, mas o setor industrial apresentou o melhor desempenho em termos trimestrais e interanuais, com uma subida para +22.200 pessoas. A análise destaca também os aumentos verificados nas atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares (+14.600 pessoas) e na educação (+12.800 pessoas).
Taxa de desemprego volta a subir
Este aumento no volume da população empregada acontece apesar de uma ligeira subida na taxa de desemprego, que aumentou para os 6,8% nos primeiros três meses deste ano, face aos 6,6% do último trimestre de 2023. Este foi o segundo trimestre consecutivo de subida na taxa de desemprego. O número de pessoas sem emprego aumentou 3,8% face ao final de 2023, mas diminuiu 3,4% face ao mesmo trimestre do ano passado.
Estatísticas divulgadas agora pelo INE mostram subida no volume total da população empregada, mas aumento na taxa de desempregoRandstad Research
Outro ponto positivo do novo relatório do INE é a descida no desemprego de longa e muito longa duração. Do total da população desempregada, há cerca de um terço (33,5%) que está nesta situação há pelo menos 12 meses, o que significa uma descida de três pontos percentuais face aos números do último trimestre de 2023. Desses, mais de metade (55,4%) estão sem trabalho há pelo menos dois anos, o que representa também uma diminuição, quer em relação ao trimestre anterior, quer relativamente ao período homólogo de 2023. Estes valores significam que a taxa de desemprego de longa duração é agora quase 5 vezes inferior à de há 10 anos.
Pela negativa, destaca-se a subida nos números da subutilização do trabalho, o que inclui as pessoas a trabalhar a tempo parcial que procuram mais horas de trabalho, os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuraram ativamente emprego no período em causa, e os inativos que procuram emprego sem estarem disponíveis no imediato para aceitar uma oferta.
As pessoas nesta situação totalizaram pouco mais de 646 mil, tendo subido 1,5% face ao trimestre anterior, mas com uma descida de 5% face aos primeiros três meses do ano passado.
Teletrabalho aumenta
Os números dão também conta de mais pessoas a trabalhar a partir de casa, um fenómeno que ganhou força com a pandemia de 2020-2021 e se instalou na sociedade portuguesa.
Segundo este relatório, cerca de um quinto (20,5%) da população empregada tem possibilidade de fazer alguma modalidade de teletrabalho, tendo esta fatia subido 16,2% face ao trimestre anterior. É na Grande Lisboa que se situa a maior fatia (cerca de um terço) dos trabalhadores com possibilidade de teletrabalho.