A primeira Plenária Anual da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) terminou nesta segunda-feira, 7, na província de Benguela, com um apelo à transparência nas eleições gerais, tal como tinha acontecido na abertura dos trabalhos, no passado dia 1, e com pedidos para a presença de observadores internacionais.
No final dos trabalhos, o porta-voz da CEAST, Dom Belmiro Chissengueti, salientou que a igreja trabalha por um processo inclusivo, sem preferências quanto ao vencedor.
“As eleições devem ser internacionalmente observáveis. Mas lá onde cada um estiver deve ser observador eleitoral, procurando trabalhar para a lisura do processo. A igreja pode dar o seu contributo, mas a parte essencial é o povo, que deve evitar o absentismo, fazer o seu registo e ver que documentos são necessários”, indicou.
O porta-voz, igualmente bispo de Cabinda, também se referiu à polémica em torno da contagem dos votos, que revelou posições contrárias entre o MPLA, no poder, e a oposição.
“É evidente que a legislação eleitoral é muito confusa neste aspecto, mas o melhor era, efectivamente, a contagem nas mesas, nos municípios e nas províncias, e depois fazer o total nacional”, sugeriu o bispo.
Ainda neste aspecto, o presidente da CEAST e arcebispo de Saurimo, José Manuel Imbamba, lembrou que o processo eleitoral é completo mas destacou aspectos a se ter em conta: “dever de igualdade de tratamento das candidaturas e do que a estas estejam licitamente associado, a liberdade de expressão e informação no marco da lei, a liberdade de reunião e de manifestação, direito de tratamento imparcial pela toda comunicação social”.
Pobreza e violência
No plano social, a primeira Assembleia Plenária da CEAST reiterou que só com humildade as autoridades decretam estado de emergência, tendo em conta o cenário de fome
“Por um lado, a ajuda para se suprir situações de emergência, mas também para que sejamos ajudados a aprender a produzir aquilo que nós consumimos. Temos um grande país, abençoado com rios, terra, por isso devemos ser também exportadores, não apenas consumir o que recebemos”, argumentou Dom Belmiro.
Os líderes católicos mostraram-se também preocupados com o “desemprego galopante, a degradação de hábitos e costumes, vazio do diálogo entre os partidos e a sociedade civil, assim como a seca e a fome no sul do país”.
“Tendo em conta os últimos sinais de violência, o processo de reconciliação deve ser uma prioridade para o nosso país”, defendeu o porta-voz Dom Belmiro.
Os bispos pediram a definição de um calendário eleitoral para as autarquias, cientes de que a sua institucionalização ajuda a edificar a democracia, até porque, como realçam, ninguém está predestinado a governar nem a fazer parte da oposição.
Entre outras conclusões, constam a necessidade de combate à corrupção como medida para ajudar os pobres, uma imprensa despartidarizada e mais diálogo entre governantes e governados.