Os partidos da oposição franceses fizeram acordos apressados na terça-feira para tentar bloquear uma vitória esmagadora da extrema-direita de Marine Le Pen.
Partidos franceses da oposição apressaram-se a fazer acordos esta terça-feira para tentar bloquear uma vitória estrondosa do partido de extrema-direita de Marine Le Pen na segunda volta das eleições legislativas de domingo, depois de estar esta afirmar que o seu partido só lideraria o governo se obtivesse uma maioria absoluta – ou perto disso.
O Rassemblement Nacional, liderado por Jordan Bardella, obteve a maioria dos votos na primeira volta das eleições legislativas antecipadas de 30 de junho, mas não o suficiente para obter uma vitória absoluta que permita a formação do primeiro governo de extrema-direita em França desde a Segunda Guerra Mundial.
“Não podemos aceitar entrar no governo se não pudermos agir”, disse Le Pen numa entrevista à emissora pública France Inter. “Seria a pior traição aos nossos eleitores”. No entanto, “se tivermos, digamos, 270 deputados, e precisamos de mais 19, vamos ter com outros e perguntar-lhes se estão dispostos a participar connosco numa nova maioria”.
Mais de 200 desistências
Esta primeira volta colocou o Rassemblement Nacional mais perto do Governo do que nunca. Mas também deixou em aberto a possibilidade de os eleitores bloquearem o caminho deste partido para o poder no próximo domingo.
Um número sem precedentes de candidatos qualificados para da Nova Frente Popular, de esquerda, e do Ensemble, do Presidente Emmanuel Macron, já desistiram da candidatura. Esperam assim favorecer o candidato com mais probabilidades de vencer um adversário do Rassemblement Nacional. Entre os candidatos que abandonaram a corrida estão vários ministros do atual Governo.
Segundo uma contagem do jornal francês Le Monde,mais de 200 candidatos já desistiram, a maior parte provenientes da coligação de esquerda. Os candidatos tinham até às 18h desta terça-feira para se retirarem. No entanto, o Ministério do Interior ainda não confirmou oficialmente estes números.
“Hoje temos um objetivo, negar uma maioria absoluta ao Rassemblement Nacional,” disse François Ruffin do partido França Insubmissa, que faz parte coligação Nova Frente Nacional, juntamente com os Verdes, socialistas e comunistas.
Macron debaixo de fogo
Durante, a campanha eleitoral, o primeiro-ministro Gabriel Attal esteve num mercado, onde fez um brinde “à vitória.”
“Preciso impedir que o Rassemblement Nacional alcance uma maioria absoluta na Assembleia Nacional porque seria – e digo-o do fundo das minhas entranhas – seria terrível para o país e para os franceses,” disse Attal.
O presidente Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições antecipadas, depois de uma derrota esmagadora nas eleições para o Parlamento Europeu. Desta forma, Macron arriscou que a extrema-direita não repetisse os bons resultados das europeias, em eleições que pusessem em jogo o destino do país.
Mas o plano de Macron saiu pela culatra. O presidente francês é agora acusado de abrir uma porta para o Rassemblement Nacional, um partido que está a fazer campanha numa plataforma que promete aumentar o poder de compra, reduzir drasticamente a imigração e adotar uma linha mais dura sobre as regras da União Europeia.