O PSB realizou um evento oficial para indicar Geraldo Alckmin (PSB) para concorrer a vice na chapa presidencial do ex-presidente Lula (PT). Gleisi Hoffmann, presidente Nacional do PT, também esteve no evento. No próximo dia 14, o partido deve aprovar o nome de Alckmin.
Chamado por Gleisi de “companheiro Geraldo Alckmin”, o ex-governador de São Paulo agradeceu a confiança a a honra de ter sido indicado para ser vice de Lula. “Política não é uma arte solitária, nós vamos somar esforços para a construção do nosso país”, disse Alckmin. “Temos hoje um governo que atenta a democracia e atenta contra as instituições.”
“O presidente Lula, no último ano de seu governo, em 2010, o PIB brasileiro cresceu 7,5%. Quero somar meus esforços ao presidente Lula para a gente recuperar renda, empregos dos brasileiros e a população poder ter dias melhores. Chega de sofrimento para o povo brasileiro”, afirmou. “Vamos colocar nosso nome à disposição para que a gente possa trabalhar pelo Brasil.”
Lula afirmou que a relação entre PT e PSB é histórica. “Conseguimos demonstrar que duas forças que têm projeto, duas forças que têm princípios podem se juntar em um momento que é de interesse do povo”, disse o ex-presidente. O petista elogiou Gleisi Hoffmann e afirmou que a presidente do partido não tem medido esforços para que Lula e Alckmin vençam a eleição.
Ao falar com Geraldo Alckmin, Lula pediu para ser chamado de “companheiro Lula” e avisou que chamará o colega de chama de “companheiro Alckmin”. O ex-presidente afirmou que a polarização que protagonizou contra Alckmin e Serra era uma “polarização civilizada”, em que os adversários se respeitava.
Lula afirmou que a relação entre ele e Alckmin sempre foi “respeitoso e civilizado” e relembrou encontros entre eles quando o petista era presidente e ia ao estado de São Paulo, governado por Alckmin.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o que está em risco na eleição de outubro é a democracia. “Não é uma eleição da esquerda contra a direita, mas da democracia contra o autoritarismo”, declarou.
A parceria foi oficializada nesta sexta-feira (8), mas há meses havia uma articulação para a formação da chapa entre Lula e Alckmin. O movimento é uma tentativa do petista de ir mais para o centro do espectro político e atrair mais eleitores, com o objetivo de derrotar Jair Bolsonaro (PL).
Aproximação entre Lula e Alckmin
Alckmin e Lula foram adversários políticos em eleições presidenciais. As disputas foram marcadas pela troca de farpas entre os dois. Com a aproximação para a chapa presidencial, o petista e o ex-governador de São Paulo passaram a trocar elogios: Alckmin classificou Lula como esperança do Brasil, enquanto o ex-presidente afirmou que os dois são democratas e podem trabalhar juntos.
“Eu e o Alckmin podemos estar juntos na chapa. Vou ter uma reunião na sexta-feira em que o PSB vai propor ele, o Alckmin, de vice e isso nós vamos levar para discutir no PT. Vamos reconstruir o Brasil porque somos dois democratas, gostamos da democracia e temos como prova o exercício dos nossos mandatos”, declarou Lula na última terça (5).
Em março, Alckmin afirmou que Lula é quem melhor representa os brasileiros. “Ele [Lula] é, hoje, aquele que melhor reflete, interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia. Não chegaria lá, do berço humilde que sempre foi, se não fosse o processo democrático. Por ter conhecido as vicissitudes, é que, na realidade, interpreta esse sentimento da alma nacional.”
Saída de Alckmin do PSDB
Geraldo Alckmin passou 33 anos filiado ao PSDB. Após embates com João Doria, ele deixou o partido e migrou para o PSB.
Os desentendimentos entre Doria e Alckmin começaram em 2018. O empresário entrou no PSDB como apadrinhado de Alckmin, mas, na corrida eleitoral, apoiou Bolsonaro, com o voto BolsoDoria, em vez de apoiar o tucano.
Em 2021, Geraldo Alckmin pensava em se candidatar novamente ao governo paulista. Doria, no entanto, articulava o partido para que Rodrigo Garcia fosse o candidato tucano e afirmou que Alckmin poderia participar das prévias do partido.
Atraído pelo convite de Lula para integrar a chapa presidencial, Alckmin optou por deixar ao partido e ir para o PSB.