O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou plano de digitalizar totalmente a economia bolivariana, eliminando dinheiro em espécie e passando a contar com moedas e transações digitais.
A medida permitiria que Venezuela resolvesse a hiperinflação, que tem destruído sua economia nos últimos três anos, contou Maduro em entrevista à emissora Telesur na sexta-feira (1º), citada pela agência Bloomberg.
“Eles estão travando guerra contra nossa moeda física. Neste ano estamos nos movendo para uma economia digital mais aprofundada e em expansão. Eu estabeleci a meta de uma economia 100% digital”, anunciou o presidente venezuelano, aparentemente se referindo à política de pressão com sanções máximas impostas a Caracas por Washington.
Nicolás Maduro notou que 77,3% de todas as operações financeiras dentro da Venezuela têm sido realizadas em bolívar com cartões de débito, enquanto apenas 3,4% das operações foram pagas com dinheiro em espécie especialmente em transporte público. O presidente também adicionou que 18,6% das operações foram realizadas em dólar.
O uso de dinheiro em espécie está se tornando cada vez mais complicado na Venezuela, uma vez que o bolívar tem perdido 99% de seu valor ao longo dos últimos três anos, com inflação atingindo um pico de 5.790% em 2020. A impressão de novas cédulas de maior denominação e a introdução de um novo bolívar denominado não permitiram resolver a crise.
A hiperinflação é causada pela crise econômica duradoura, que foi ainda mais exacerbada pelas sanções norte-americanas eliminadoras da capacidade de Caracas de vender petróleo ou de ter acesso às suas reservas de ouro anteriormente depositadas no exterior.
Maduro anunciou o plano de driblar as sanções dos EUA em dezembro de 2017, através da introdução da criptomoeda Petro. Segundo Caracas, a nova criptomoeda seria emitida pelo governo da Venezuela e assegurada pelos recursos naturais da nação, com o preço do Petro ligado ao valor do barril de petróleo venezuelano.
O governo de Maduro planejou usar o Petro tanto em transações internacionais como em nacionais, incluindo o comércio de petróleo com outros países.
No entanto, nem Caracas nem os intercâmbios de criptomoeda internacionais evidenciaram movimentações com uso notável da moeda digital venezuelana, fazendo com que mercados de câmbio digitais se perguntassem se o Petro estaria mesmo em uso.