DDR arranca em Manica com adesão de nove dissidentes da autoproclamada Junta Militar da RENAMO. Autoridades prometem apoio do Estado e comemoram desmobilizações de ex-combatentes: “Devem ser acarinhados como irmãos”.
O processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) de 782 ex-guerrilheiros das antigas bases da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na província central de Manica arrancou esta segunda-feira (08.03). As autoridades do Governo comemoraram a adesão de nove antigos combatentes da autoproclamada Junta Militar da RENAMO ao DDR.
“Estou aqui no centro de acantonamento para ser desmobilizado, para ir para casa. Não há ninguém a ameaçar, não há ninguém a matar. A preparação é para sermos desmobilizados e irmos para casa”, apelou Paulo Nguirande, que foi chefe adjunto do Estado-Maior da Junta Militar e abandonou o grupo armado de Mariano Nhongo em fevereiro.
Outro guerrilheiro que deixou o grupo de Mariano Nhongo, dissidente da RENAMO é Jorge Marote. O ex-combatente defende o abandono das armas e das matas da serra da Gorongosa.
“Eu abandonei a Junta Militar porque vi que já era demais continuar a ficar no mato, pois a nossa família está a sofrer em casa por esta razão. Vim entregar-me ao DDR, assim estou muito contente e satisfeito, porque fui bem recebido e não há nenhum incómodo”, disse.
Autoridades comemoram
O secretario do Estado na província central de Manica, Édson Macuácua, que orientou a cerimónia, disse que a passagem dos antigos guerrilheiros da RENAMO e da autoproclamada Junta Militar à vida civil é um marco importante para as suas vidas.
Macuaca apelou para que os desmobilizados sejam bem recebidos: “Devem ser bem acarinhados como nossos irmãos, devem viver, devem trabalhar, devem circular livremente como todos nós enquanto cidadãos desta nossa República de Moçambique”.
O secretário assegurou aos antigos guerrilheiros que “podem e devem contar com o Estado” em qualquer lugar. Macuácua ressaltou que as estruturas do Estado vão receber os desmobilizados nas zonas para onde desejarem regressar.
“O Estado é vosso, sintam-se à vontade. Meus irmãos, a partir de hoje a vossa vida vai mudar, deixem a vida militar e passem a vida civil, entreguem as armas e peguem as enxadas”, celebrou Macuáca.
O secretário-geral da RENAMO e representante do partido no processo de DDR, André Magibiri, apelou aos membros da Junta Militar a seguir o exemplo dos que hoje deixaram as armas e passaram a vida civil.
“O DDR veio para ficar. Isto mostra o nosso comprometimento na manutenção da paz e da reconciliação nacional. Aos combatentes que serão desmobilizados aqui, apelamos que nas vossas comunidades, onde quer que estejam, trabalhem lado a lado com os outros que lá estiverem”, disse.