O deputado David Mendes, que tem ligações com a UNITA, explicou que faz o uso da sua liberdade de expressão para dizer que o partido do “galo negro” errou em apoiar a manifestação.
“Eu sei que muita gente não vai gostar da minha análise…”, começou por dizer.
“Foi um erro estratégico”
“A UNITA teve um erro estratégico, a UNITA jamais deveria ter assumido a participação nessa manifestação, que os seus membros participassem livremente como cidadãos, mas ao ponto de um órgão de direcção da UNITA fazer um pronunciamento público é muito grave”, criticou.
O também advogado disse que numa democracia não se atinge o poder político na rua, mas sim mediante processos eleitorais.
A sociedade civil faz pressão para alteração de medidas políticas, os partidos políticos tendem a tomada do poder político, se a sociedade civil quer fazer uma manifestação, os partidos políticos não se podem envolver, porque eles (os partidos políticos) tendem à tomada do poder.
“O meu apelo é os partidos políticos se absterem de fazerem manifestações com a sociedade civil”, disse em entrevista à Tv Zimbo.
Mais de 100 detidos serão julgados sumariamente
Cento e três cidadãos, detidos sábado último na sequência da manifestação ilegal contra as políticas do Governo, serão julgados sumariamente nesta segunda-feira (26).
Segundo o secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, que falava ao Jornal de Domingo da Televisão Pública de Angola (TPA), entre os detidos estão dirigentes e militantes da UNITA, principal partido da oposição.
Trata-se de um grupo composto por 90 homens e 13 mulheres, acusados de “arruaça e desobediência” às autoridades angolanas, que haviam inviabilizado o protesto, como forma de evitar contaminações em massa de Covid-19.
A tentativa de manifestação decorreu em claro atropelo ao novo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública, que restringe os ajuntamentos na via pública a cinco pessoas.
A marcha, frustrada pela Polícia Nacional, contou com centenas de participantes, incentivados por activistas da sociedade civil e por membros da direcção da UNITA.
Os mesmos tentaram protestar contra a não indicação de uma data para as eleições autárquicas e a falta de emprego, assim como exigirem melhores condições sociais.
A tentativa de manifestação ficou marcada por actos de enfrentamento às forças policiais, incluindo o arremesso de pedras e outros objectos, vandalização de bens públicos, barreiras nas estradas e queima de pneus, resultando ainda em seis feridos, agentes da Polícia Nacional, a destruição de meios da corporação e de transeuntes.