O primeiro-ministro italiano comunicou esta terça-feira ao Presidente do país a demissão do cargo. A queda do Governo de Giuseppe Conte resulta da falta de apoio à coligação parlamentar, na sequência do abandono do partido de Matteo Renzi, Itália Viva.
O Presidente Sergio Mattarella vai dar início na quarta-feira às consultas com as forças políticas, face à crise política que agora se instalou.
Ouvido nas últimas horas pela rádio pública, antes da oficialização da renúncia, o professor de Ciência Política do ISCTE Goffredo Adinolfi afirmava que o objetivo de Conte seria obter um voto de confiança por parte do Chefe de Estado e assim voltar a formar governo.
O Presidente italiano pediu entretanto a Conte que continue a assegurar a gestão corrente, até que seja encontrada uma solução.
Giuseppe Conte, advogado e professor conotado com o Movimento 5 Estrelas, atualmente com 56 anos, tornou-se primeiro-ministro de Itália em junho de 2018 sem nunca ter enfrentado as urnas.
Mas conseguiu jogar o complexo xadrez político italiano e segurar o poder executivo, num contexto da crise sanitária e económica gerada pela pandemia da Covid-19. O Governo que agora cai – o segundo de Conte – estava em funções desde setembro de 2019.A pandemia do novo coronavírus já causou mais de 85 mil mortes em Itália, país particularmente atingido pela primeira vaga a abater-se sobre a Europa, no ano passado.
O colapso da coligação no poder decorre da saída do partido Itália Viva, pequena formação do antigo primeiro-ministro Matteo Renzi criada em setembro de 2019, após uma dissidência do Partido Democrata, de centro-esquerda.
Ao longo das últimas semanas, Renzi redobrou as críticas ao primeiro-ministro, acusando-o de deitar a perder o plano europeu de relançamento económico, ao optar por programas de apoio e moratórias fiscais em detrimento do investimento em infraestruturas.
Na semana passada, o Governo ainda logrou ver aprovada uma moção de confiança no Parlamento. Todavia, a votação de uma segunda votação, prevista para esta semana, estaria à partida condenada.
Conte liderou um primeiro Governo de cunho populista, largamente dominado por Matteo Salvini, rosto da Liga, de extrema-direita, e Luigi di Maio, do 5 Estrelas.