Um bombeiro morreu num dos incêndios, ateado com velas. PJ conta que o rapaz estava sinalizado pela Comissão de Protecção de Jovens
Um adolescente com 13 anos terá sido responsável por sete incêndios que deflagraram entre Julho e Setembro do ano passado na Covilhã. Segundo a Polícia Judiciária (PJ), que concluiu recentemente a investigação, o rapaz terá ateado os fogos por estar revoltado com a morte do pai e para se vingar dos donos dos terrenos.
Em três meses, deflagraram 12 incêndios na zona da Covilhã, todos de origem criminosa. A PJ suspeitou, desde o começo, que só poderiam ter sido ateados pela mesma pessoa e que o incendiário deveria morar numa das freguesias atingidas.
O método de ignição, adiantou ao i uma fonte ligada à investigação, era o mesmo em todas as situações. E quando vários fogos são ateados numa mesma zona, normalmente têm a mesma autoria. Os incêndios, que lavraram nas freguesias do Tortosendo, Telhado, Vales do Rio, Dominguiso, Paul e Barco, destruíram pomares, olivais, pinhais e armazéns com máquinas agrícolas. Segundo a PJ, causaram prejuízos “imediatos de centenas de milhares de euros”. A ocorrência mais grave, a 15 de Agosto, matou um bombeiro da corporação da Covilhã.
A seguir aos primeiros incêndios, a PJ da Guarda desconfiou do rapaz de 13 anos. As suspeitas surgiram porque numa das situações foi o adolescente quem chamou os bombeiros às 3h40 da manhã. Minutos depois, cruzou-se no terreno com um grupo de militares que se encaminhavam para o local, dando-lhes indicações sobre o percurso que deveriam tomar.
A certeza só chegou quando os inspectores fizeram buscas à casa do suspeito – onde foram encontradas dezenas de velas, semelhantes às encontradas nas perícias. O adolescente, segundo a mesma fonte da PJ, deixava-as a arder em lugares ermos durante a noite. Mais tarde, veio a confessar a autoria de seis fogos. Porém, a investigação permitiu concluir que terá sido responsável por pelo menos por sete incêndios, incluindo o que vitimou Pedro Rodrigues, bombeiro de 41 anos. O rapaz nega a autoria do fogo, mas a mesma fonte explica que o modus operandi é semelhante ao dos restantes casos.
A PJ encaminhou as conclusões para o Ministério Público que, por se tratar de um menor de idade, deverá iniciar um processo tutelar, através do Tribunal de Família e Menores.
Vingança e revolta O rapaz estava sinalizado pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CCPJ) da Covilhã e vive com a mãe e uma irmã mais velha. A Polícia Judiciária acredita que a morte do pai, há cerca de um ano, terá sido a principal motivação do adolescente – que auxiliava os bombeiros no combate.
“Mostrava fascínio pelo trabalho das corporações”, conta a fonte da PJ. Alegadas ameaças dos donos de alguns dos terrenos ardidos a um familiar e um suposto assédio à irmã mais velha terão sido outras das razões para o adolescente cometer os crimes. (ionline.pt)
por Rosa Ramos