O Tribunal da Catalunha, Espanha, decidiu, terça-feira, que a tutela do corpo do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, falecido dia 8 de Julho, naquela cidade, por doença, passe para a ex-Primeira Dama da República, Ana Paula dos Santos, e não aos filhos liderados por Tchizé dos Santos, que moveu a referida acção junto daquela instância judicial, a fim de conquistar esse direito.
Com a decisão, abre-se um novo caminho, sem mais obstáculos, para a transladação do corpo do antigo Presidente da República, de Barcelona para Luanda, tal como vem manifestando, desde o anúncio da morte daquele, a ex-Primeira-Dama da República e os seus filhos. Em Luanda, o corpo de José Eduardo dos Santos é aguardado para um funeral com honras de Estado.
A decisão sobre a transladação do corpo do ex-Presidente para Luanda estava dependente desta decisão judicial, que agora acaba de ser tornada pública. O caso estava a ser julgado na Vara de Família do Tribunal Civil de Catalunha e visava decidir com quais dos familiares deveria ficar o corpo: a ex-Primeira-Dama da República, Ana Paula dos Santos, e seus filhos ou a ala dos filhos liderados por Tchizé dos Santos.
Esta é a segunda derrota que Tchizé dos Santos averba na batalha judicial que ela mesma iniciou à volta do cadáver do pai. A primeira queixa junto da Vara Criminal do Tribunal da Catalunha, para apurar supostas causas da morte, que não fossem as naturais, obrigou a uma autópsia, que, entretanto, descartou qualquer possibilidade de maus tratos e de envenenamento.
Numa entrevista aos órgãos de comunicação social nacionais, em Julho deste ano, em Barcelona, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, general de Exército na reforma Francisco Furtado, lamentou o facto de a situação ter chegado àquele ponto.
“O que eu sinto é que não devíamos chegar a este momento que estamos a viver, da imposição de uma ou duas filhas, na tentativa de impedir que os restos mortais do ex-Presidente da República sejam transladados para Angola”, salientou.
Francisco Furtado, que falava na qualidade de responsável da delegação criada para acompanhar o processo em Barcelona, referiu que as filhas deviam ter o bom senso e a consciência sobre a importância e a necessidade da preservação da imagem da família, do bom nome do pai, bem como respeito pelos cidadãos angolanos e pela comunidade internacional, que desejavam ver esta situação resolvida de forma pacífica.
“Toda a nação angolana quer a presença do seu antigo líder no país, para lhe render a merecida homenagem”, salientou, na altura.
Francisco Furtado ressaltou, ainda, que o desfecho favorável à transladação do corpo do antigo Presidente da República, para Luanda, será um ganho para a nação e a família, que se sentirão confortados com a realização de um funeral condigno, à dimensão do antigo Presidente da República, no solo pátrio, onde nasceu e de onde partiu para ser tratado em Espanha.
José Eduardo dos Santos, segundo Presidente da República, morreu aos 79 anos.