Mais de centena e meia de Chefes de Estado e de Governo, bem como centenas de activistas, cientistas e organizações não governamentais, estão reunidos em Glasgow, na Escócia, a partir desta segunda-feira, 1 até o dia 12, na Conferência do Clima, COP26, em torno de compromissos com vista a reduzir o aquecimento global e ajudar as nações em desenvolvimento a lidar com os impactos das mudanças climáticas.
O anfitrião, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, deu o mote à conferência ao dizer, na abertura, que “se não levarmos a sério as mudanças climáticas hoje, será tarde demais para os nossos filhos o fazerem amanhã”.
“Podemos não nos sentir um James Bond, mas temos a oportunidade e o dever de fazer desta cimeira o momento quando a Humanidade começou a desarmar essa bomba, o momento quando começámos irrefutavelmente a virar a maré e a lutar contra as alterações climáticas”, declarou Johnson quem avisou ainda que a forma de “desarmar a máquina do apocalipse” é conhecida e inclui “acabar com a utilização de carros com motores de combustão interna, acabar com as centrais eléctricas a carvão, travar e reverter a desflorestação e reunir o dinheiro necessário para os países mais pobres poderem fazer o mesmo”.
Entretanto, antes do início da Conferência, o Enviado do Presidente dos Estados Unidos para o Clima, disse a repórteres hoje, que a evento pretende aumentar a “ambição global de forma muito significativa” e levar os países a se comprometerem com o que ele chamou de “década de acção” para limitar o aquecimento global a 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais.
John Kerry também destacou a necessidade de se lidar com o aspecto financeiro da mudança climática, tanto com o uso de fundos disponibilizados, quanto com a ajuda às nações em desenvolvimento antes os danos que já sentem.
“Também sabemos que há perdas e danos reais, que há Estados que perguntam onde vão colocar a sua população, com o aumento do nível do mar. Há áreas onde as pessoas não podem mais viver e há migrantes ao redor do planeta em consequência da destruição do habitat ”, apontou Kerry.
A Conferência do Clima segue-se à reunião de líderes do G20, que se realizou no sábado e domingo, em Roma, na qual concordaram em trabalhar para alcançar a neutralidade de carbono “por volta de meados do século” e prometeram acabar com o financiamento a fábricas de carvão a céu aberto até o final deste ano.
No entanto, não chegaram a um acordo sobre eliminação progressiva do carvão no mercado interno.
“Embora eu acolha o novo compromisso do G20 com soluções globais, deixo Roma com minhas esperanças não realizadas, mas pelo menos elas não estão enterradas”, escreveu o secretário-geral da ONU, António Guterres, no Twitter.
Os líderes dos países mais desenvolvimento abordaram os esforços para alcançar a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.
“Reconhecemos que os impactos das mudanças climáticas a 1,5 ° C são muito menores do que a 2 ° C. Manter 1,5 ° C ao alcance exigirá acções significativas e eficazes e comprometimento de todos os países ”, afirma o comunicado.
China e Rússia ausentes
O presidente dos EUA, Joe Biden, por seu lado, disse em conferência de imprensa em Roma ontem, embora, as pessoas estivessem decepcionadas com o facto de os líderes da Rússia e da China não “aparecerem” com compromissos sobre a mudança climática, aqueles que compareceram fizeram “um progresso significativo”.
Na COP26, o presidente chinês, Xi Jinping, cujo país é de longe o maior emissor de gases de efeito estufa, falará através de um comunicado por escrito nesta segunda-feira, enquanto o seu colega russo, Vladimir Putin, que preside um dos três maiores produtores mundiais de petróleo, desistiu de participar por videoconferência.