Crise sanitária pode agravar ainda mais a tragédia provocada pelas inundações. Contaminação da água e falta de bens essenciais entre as principais preocupações
Crescem os receios sobre a evolução da situação social e sanitária na Líbia. Autoridades locais e organizações internacionais alertam para a possibilidade de epidemias. Há mais de 11 mil mortos confirmados e 10 mil pessoas ainda desaparecidas na cidade de Derna, a mais afetada pelas cheias.
Á água que provocou a destruição pode ser fonte de ainda mais problemas.
“Existe o risco de contrair uma doença transmitida pela água quando há água estagnada, mas esse risco não é causado pelos cadáveres que podem estar nas ruas, não há risco de contaminação pelos cadáveres, mas podem surgir outras doenças, como a cólera,” avisa Yann Fridez, chefe da delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha na Líbia.
As Nações Unidas consideram que é vital fornecer à população “abastecimentos vitais e evitar uma crise sanitária secundária”.
Mas o país tem sido assolado por divisões regionais desde a queda do regime de Kadhafi, o que complica a coordenação da ajuda.
Duas administrações rivais disputam o poder: uma em Tripoli (oeste), reconhecida pela ONU e liderada pelo Primeiro-Ministro Abdelhamid Dbeibah, a outra no leste, filiada no campo do poderoso Marechal Khalifa Haftar.
As autoridades líbias anunciaram entretanto uma investigação sobre o colapso de duas barragens que causaram as inundações catastróficas em Derna. O Procurador-Geral da Líbia, al-Sediq al-Sour, disse que iria investigar as autoridades locais e os governos anteriores.
As barragens foram construídas no início e meados da década de 1970 por uma empresa da Jugoslávia, de acordo com os requisitos de segurança da época. O Presidente da Câmara já admitiu que as estruturas não foram objeto de manutenção adequada desde 2002.