O Conselho de Segurança da ONU irá votar esta sexta-feira uma resolução a condenar os referendos realizados em quatro regiões ucranianas, que abriram caminho à anexação destes territórios pela Rússia.
Segundo informou a presidência francesa do Conselho, a reunião terá lugar às 15h00 (20h00 em Angola), antes de outra discussão sobre as fugas descobertas nos gasodutos Nord Stream no Mar Báltico.
A resolução preparada pelos Estados Unidos e pela Albânia, cujo conteúdo concreto ainda não foi tornado público, deverá ser rejeitada, uma vez que a Rússia tem direito de veto, como membro permanente do Conselho de Segurança.
Caso a resolução seja vetada, irá passar para a Assembleia Geral da ONU, onde a esmagadora maioria dos países tem condenado a invasão russa da Ucrânia.
As regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk (leste) e Kherson e Zaporijia (sul) realizaram, entre 23 e 27 de Setembro, referendos em que a maioria dos eleitores apoiou a separação da Ucrânia e a adesão à Federação Russa.
Os líderes das quatro regiões dirigiram-se esta semana ao líder do Kremlin para que Putin autorize a sua entrada urgente na Federação Russa.
Na quinta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência de Kherson e Zaporijia, um passo antes da anexação destes territórios pela Rússia.
Segundo a presidência russa, Putin formalizará hoje, durante uma cerimónia solene no Kremlin, a anexação dos quatro territórios ucranianos com a assinatura dos tratados correspondentes.
Na próxima semana, ambas as câmaras do Parlamento russo aprovarão a adesão, após a qual Putin a irá promulgar, como aconteceu em 2014 com a anexação da península da Crimeia.
As consultas separatistas em Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia foram condenadas por Kiev e pelo Ocidente, que consideram os referendos “farsas” democráticas.
Reacções unânimes
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou na quinta-feira a Rússia que a anexação de territórios ucranianos “não terá valor jurídico e merece ser condenada”, frisando que “não pode ser conciliada com o quadro jurídico internacional”.
A Comissão Europeia propôs na quarta-feira um oitavo pacote de sanções à Rússia, face à “nova escalada” do Kremlin na sua agressão à Ucrânia, com a realização de “referendos fraudulentos”, mobilização parcial e a ameaça de recurso a armas nucleares.