O conflito que opõe duas tribos no leste do estado sudanês do Nilo Azul, que faz fronteira com a Etiópia, fez 31 mortos, segundo um novo balanço divulgado hoje pelas autoridades locais.
De acordo com o comunicado dos serviços de segurança locais, “39 pessoas ficaram feridas e 16 lojas foram incendiadas” desde o início da semana até sexta-feira durante os confrontos com armas de fogo, segundo testemunhas. Em causa está uma disputa por terras.
Após um período de acalmia, hoje de manhã, os confrontos recomeçaram, perto de Al-Damazine, segundo testemunhos citados pela Agência France-Presse (AFP).
Fatima Hamad, residente na periferia de de Al-Damazine, afirmou que ouviu tiros e viu colunas de fumo.
“Dezenas de famílias, sobretudo mulheres e crianças, (…) atravessam a ponte em direção à cidade para fugir dos combates”, segundo um habitante de Al-Damazine, Ahmed Youssef.
Na sexta-feira à noite, após o envio de tropas, o governador Ahmed al-Omda emitiu uma ordem proibindo “qualquer reunião ou desfile” por um mês. Foi ainda decretado um recolher obrigatório durante a noite a partir de hoje.
Os primeiros confrontos entre as tribos Hausa e Barti começaram na segunda-feira no distrito de Qissan, forçando os hospitais das imediações a pedirem doação de sangue.
A região de Qissan e, de forma mais geral, o estado do Nilo Azul, é cenário de uma rebelião desencadeada em 1986.
A guerrilha há muito que era fonte de problemas para o regime ditatorial de Omar al-Bashir, derrubado pelo exército, sob pressão popular, em 2019.
Para especialistas, o vazio de segurança criado pelo golpe militar favoreceu o ressurgimento da violência tribal num país onde anualmente centenas de civis morrem em confrontos entre pastores e agricultores pelo acesso à água ou a zonas de pasto.