Israel pode ceder nos próximos dias à pressão internacional para parar os ataques contra a Faixa de Gaza e tentar reaver os reféns ainda nas mãos do Hamas através de negociações. Esta pressão aumenta já que o conflito pode vir a tornar-se global, como alerta a investigadora Maria João Tomás.
No Médio Oriente, a possibilidade de uma trégua prolongada de dois meses entre Israel e o Hamas parece estar a ser mediada pelo Qatar e pelo Egipto. Com movimentos como o Hezbollah no Líbano e os Huthis no Iemen a solidarizarem-se com o Hamas e as Nações Unidas a denunciarem a situação catastrófica das populações na Faixa de Gaza, Israel está cada vez mais pressionado internacionalmente para concordar com um cessar-fogo temporário.
No entanto, para Maria João Tomás, professora Auxiliar da Universidade Autónoma de Lisboa e especialista do Médio Oriente, torna-se difícil saber em que ponto está o Governo de Benjamin Netanyahu já que a prioridade não parece até agora ser a libertação dos reféns e sim a destruição do povo palestiniano.
“Os israelitas estão fartos desta guerra, por isso é que ainda aí nas ruas a exigir que o Benjamin Netanyahu acabe com a guerra. Uma coisa é este Governo e outra são os israelitas, são coisas completamente diferentes. Mesmo se Netanyahu ganhou com maioria, os israelitas estão cada vez mais descontentes, não só com a guerra, mas com o tratamento que está a dar aos reféns”, disse a académica.
Na segunda-feira, as famílias dos cerca de 100 reféns ainda nas mãos do Hamas invadiram o Parlamento israelita e voltaram a pedir que os seus ente-queridos sejam retirados da Faixa de Gaza e que regressem às suas casas.
A negociação com um período de tréguas parece a melhor hipótese para o regresso dos reféns e também para evitar a escalada de tensões que se alargou ao Líbano, ao Mar Vermelho e um pouco por todo o Médio Oriente. Caso a Rússia entre neste conflito, Maria João Tomás teme a globalização desta guerra.
“A pressão internacional é enorme e uma das razões é que isto está a escalar de uma maneira que há a possibilidade disto se tornar global e aí temos um problema, porque a Rússia mete-se de um lado em auxílio da Síria, porque já houve lá atentados. Esta é agrande razão destas movimentações diplomáticas. Para evitar que isto escale, estamos num ponto de viragem. Se escalar, mete a Rússia e deixa de ser regional e passa a ser global”, concluiu.
Por Catarina Falcão