Angop
O Executivo angolano está seriamente preocupado em recuperar a confiança dos investidores privados no sistema financeiro do país, daí que esteja, desde finais de 2017, a encetar uma série de medidas tendentes a este objectivo, com vista ao aumento da produção do sector empresarial, afirmou hoje, na Baía Farta, o ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior.
Num encontro com empresários da província de Benguela, a frente da equipa económica do Conselho de Ministros, Manuel Nunes disse que desde a entrada em funções do novo Executivo, em finais de 2017, este tem estado a trabalhar no sentido da recuperação dos índices de confiança dos investidores no sistema financeiro do país, o que tem conseguido graças as medidas adoptadas neste domínio.
Para si, não há desenvolvimento económico e não há crescimento económico, se os investidores não tiverem confiança no sistema financeiro do país.
“A situação global encontrada quando o executivo tomou posse apresentava sérios desequilíbrios, quer do ponto de vista das contas internas como das contas externas”, frisou o responsável, para quem as taxas de inflação eram muito altas, variáveis e imprevisíveis.
Segundo afirmou, no ano anterior ao da tomada de posse (2016), a taxa de inflação era da ordem dos 40 porcento e o mercado cambial apresentava desequilíbrios enormes, que atingiram uma diferença de quase 150 porcento em relação a taxa oficial, onde o kwanza, a moeda nacional, perdia valor de modo sistemático e que parecia imparável.
Lembrou que naquele período, a economia apresentava um quadro de recessão, ou seja, um crescimento negativo.
Disse tratar-se de um quadro encontrado no início da acção governativa do actual Executivo e que era preciso reverter rapidamente para que o país pudesse aumentar os níveis de confiança quer de investidores nacionais, como estrangeiros.
Manuel Nunes afirmou que passados quase ano e meio, pode-se dizer que os resultados são encorajadores, já que em relação as contas internas (desempenho fiscal), depois de vários anos a apresentar défices, em 2018 foi registado um “superávit” (que não quantificou) e, no mercado cambial, o país começa a entrar na normalidade, com a diferença do câmbio paralelo e do oficial a quedar-se dos 150 por cento em 2017 para cerca de 20 a 30 porcento em 2018.
Numa resenha em que abordou ainda o facto de o país ter também os seus compromissos em termos de moeda externa, disse que se está caminhando bem nesse sentido, onde o Banco Nacional de Angola (BNA) procura cumprir com os compromissos externos, o que está a elevar a confiança dos agentes que actuam na economia do país.
Informou que o governo está a trabalhar para que em 2019 os níveis de inflação sejam inferiores aos 18 por cento alcançados em 2018, porque é preciso reconquistar a confiança dos homens de negócio para que haja investimentos. “Porque se as pessoas não confiarem, nunca poderão investir e sem investimento não pode haver desenvolvimento, aliás, a confiança tem como fim último, o aumento da capacidade produtiva do país”, disse.
Para isso, assegurou, o governo vai apoiar seriamente, porque “estão aqui na sala produtores que estão a mostrar que podem produzir e competir com suas similares estrangeiras”, não obstante as dificuldades em termos de infra-estruturas, enfatizou.
Na ocasião, fez referência às unidades produtivas que a equipa económica visitou durante dois dias, com realce para a empresa Leonor Carrinho que está a instalar uma variedade de fábricas de produtos alimentares na Catumbela, bem como a cidade do sal, que, segundo os produtores, está a conhecer investimentos que vão levar o país a tornar-se auto-sustentável em termos de sal, dentro de dois anos.
Depois da sessão de debates, onde foram apresentadas algumas inquietações que entravam o aumento da produção das diferentes unidades produtivas, a equipa económica do Conselho de Ministros regressou a Luanda sem prestar mais declarações à imprensa.
Integraram a comitiva, os ministros do Comércio, da Indústria, da Agricultura e o secretário do Presidente da República para o sector produtivo, respectivamente Jofre Van-Dúnem, Bernarda Martins, Marcos Nhunga e Isaac dos Anjos, além de diferentes Secretários de Estado.
Esta é a primeira de uma série de visitas que a comissão económica do Conselho de Ministros vai efectuar nas 18 províncias do país.