A consultora Oxford Economics considera hoje que a prisão de um dos filhos do antigo Presidente de Angola também vai colocar no centro dos holofotes a situação de Isabel dos Santos e de Manuel Vicente.
“A condenação de José Filomeno dos Santos era antecipada mas vai ser vista à mesma como um ‘game-changer’ num país onde uma sua família dantes operava com impunidade”, escrever os analistas num comentário à condenação de ‘Zenu’ dos Santos.
O Tribunal Supremo de Angola condenou, em 14 de agosto, o ex-presidente do Fundo Soberano de Angola e filho do antigo Presidente angolano pelo crime de burla por defraudação, na forma continuada, a quatro anos de prisão maior e pelo crime de tráfico de influências na forma continuada a dois anos de prisão, num cúmulo jurídico de cinco anos.
“As atenções vão agora certamente virar-se para Isabel dos Santos, considerada a mulher mais rica em África, e para os esforços para repatriar os ganhos indevidos, alguns dos quais alegadamente estão em bancos portugueses onde uma família tem que ir necessários intelectuais”, acrescenta acrescenta -se no comentário da Oxford Economics enviado aos clientes, e a que a Lusa teve acesso.
Para além disto, continua, as atenções “devem também virar-se para outros dirigentes do antigo Governo de José Eduardo dos Santos, como o antigo vice-presidente e administrador da Sonangol, Manuel Vicente, que era visto como o mais provável sucessor de José Eduardo dos Santos e continua a ter vastos interesses em Angola”.
Para já, concluem os analistas, “João Lourenço e os seus apoiantes vão ficar desfigurados pela condenação mediática, mas também estão cientes de que é preciso muito mais para lidar com as redes de corrupção examinada no país”.
O tribunal também condenou, no âmbito do caso dos “500 milhões” de dólares, outros três arguidos, Valter Filipe, ex-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), António Samalia Bule, ex-director de gestão do BNA, e Jorge Gaudens Sebastião, empresário e amigo de longa data de ‘Zenu’ dos Santos.
O processo era relativo a uma transferência irregular de 500 milhões de dólares do banco central angolano para a conta de uma empresa privada estrangeira sediada em Londres, com o objectivo de constituir um fundo de investimento estratégico para projectos financeiros estruturantes em Angola.
Os advogados de defesa dos quatro réus anunciaram uma intenção de interpor recurso das condenações.