O IGAPE confirmou ao Mercado a existência de manifestações de interesse, sobretudo de parceiros estrangeiros que pretendem entrar no capital social da seguradora.
O concurso público para a privatização da ENSA – seguradora com maior quota de mercado – pode ser lançado no próximo mês de Junho, conforme anunciou ao Mercado o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da instituição.
Carlos Duarte, que falava recentemente, em Luanda, à margem do acto de apresentação dos resultados referentes ao exercício económico 2020, precisou que os trabalhos estão bastante avançados e é composta por uma equipa multidisciplinar.
“O objectivo é privatizar a companhia até ao final do ano, sendo que a percentagem a alienar, que será parcial, será apenas conhecida nas próximas semanas por meio do Ministério das Finanças”, disse.
Por seu lado, o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) confirmou ao Mercado a existência de manifestações de interesse, sobretudo de parceiros estrangeiros que pretendem entrar no capital social da mais antiga e única seguradora de capitais públicos do País.
A instituição lembrou que o programa de privatização será feito em duas fases, sendo que a primeira será por concurso limitado por prévia qualificação e a segunda por oferta pública em bolsa. “Não obstante as dificuldades impostas pela COVID-19, continuamos a trabalhar afincadamente para a conclusão deste e outros processos ainda este ano”, lê-se na nota enviada à redacção do Mercado.
O IGAPE evitou falar dos valores envolvidos na operação, dizendo apenas que a privatização cumprirá com os objectivos da máxima valorização do activo com a garantia de um processo transparente.
Reforço da quota de mercado
A companhia fechou o ano de 2020 com um resultado líquido considerado histórico de 17,7 mil milhões Kz, superando o resultado negativo de 2019. No mesmo período, o volume de prémios brutos emitidos atingiu 84,6 mil milhões Kz, registando um crescimento de 33% face ao ano transacto e e uma das novidades foi o aumento da quota de mercado de 35 para 37%.
A margem de solvência quase duplicou para os 213%. Segundo Carlos Duarte, os resultados positivos são fruto da implementação do Plano Estratégico de 2020- 2022, que teve impacto ao nível do saneamento financeiro da empresa, da estrutura orgânica, da tecnologia e do parque imobiliário.
O facto permitiu, por exemplo, a descontinuidade da exploração do centro médico ENSA e do centro de peritagem, cuja gestão será substituída por uma joint-venture. Estes factores, segundo Carlos Duarte permitiu um maior foco no core business da empresa, que é a comercialização de seguros, pagar indemnizações e gerir provisões técnicas.
Ainda no ano passado registouse uma diminuição do número de apólices para 39%. Simultaneamente, avançou Carlos Duarte, deu-se início à constituição do Fundo Imobiliário da ENSA e entre as influências negativas consta, por exemplo, o impacto negativo da COVID-19 e desvalorização do Kz, o que prejudicou as operações cambiais.
Em 2020, a taxa de sinistralidade foi de 55%, havendo um aumento de cinco pontos percentuais face ao período homólogo. O responsável máximo da companhia explicou que o seguro automóvel e de saúde foram os que mais registaram altas taxas de sinistralidade.
Por seu lado, a seguradora pagou indemnizações de 46,3 mil milhões Kz, sofrendo um aumento de cerca de 31% em relação a 2019. Dos prémios em cobranças referentes ao ano passado, 53% pertencem ao sector empresarial público, 32% ao sector empresarial privado e 13% aos organismos orçamentais. No total os prémios em cobranças valem 23 mil milhões Kz.