Libaneses agradecem o apoio solidário dado pelo Presidente de República e do povo angolano, pela situação que o Líbano vive nos últimos dias, em Beirute, em consequência da explosão ocorrida na zona portuária da cidade, que provocou a morte de mais de 200 pessoas.
Pelo menos 3.500 libaneses vivem em Angola. Alguns decidiram se estabelecer, por motivos de trabalho, enquanto outros afirmam que o país é um dos lugares mais seguros e tranquilos para viver. A TAAG realizou, na semana passada, mais um voo humanitário, e desta vez com destino ao Líbano, que facilitou o regresso de 77 cidadãos daquele país, entre os quais 15 crianças.
Antes de partir para o Líbano, o representante da juventude libanesa em Angola, Ali Tiba, disse que a sua comunidade recebeu a notícia da explosão com muita tristeza. Mas agradeceu a solidariedade demonstrada pelo Presidente da República e o povo angolano, fundamentalmente, pela rapidez com que o Governo se predispôs em disponibilizar um voo humanitário, que levou alguns libaneses de volta ao seu país de origem.
Há dez anos em Angola, Hussein Khatoun disse que recebeu a informação através da esposa, a partir do Líbano, e ficou muito mais preocupado devido à distância que o separa da família. “A minha mulher estava a chorar quando me contava o que aconteceu.
Entrei em choque, por isso vou buscar a família porque, actualmente, sinto que Angola é um dos lugares mais seguros para viver. Vejo que o Estado está a fazer um bom trabalho para travar a pandemia da Covid-19 e sinto que é um país do futuro”, considerou.
Hussein Khatoun nasceu nos Estados Unidos da América. Tinha 12 anos quando foi morar no Líbano, e teve o privilégio de ver o desenvolvimento e a reconstrução melhores restaurantes e discotecas completamente destruídos”, conta.
O nosso interlocutor cumpre a quarentena domiciliar, desde a chegada ao Líbano na terça-feira, 11 de Agosto, enquanto a esposa e outros compatriotas desenvolvem várias acções humanitárias para ajudar o Governo. Recolhem o lixo das ruas e garantem abrigos e alimentos para os mais desfavorecidos.
Nesta altura, segundo Hussein Khatoun, os hotéis oferecem abrigo aos que necessitam e os médicos prestam atendimento gratuito aos feridos.
“Vou ficar algumas semanas aqui e depois volto, com a minha família, para o meu segundo país, Angola”, promete o jovem, que em nome da comunidade libanesa agradeceu o apoio prestado pelo Presidente da República, João Lourenço, e o povo angolano, por terem sido solidários, demonstrando compaixão pelos libaneses.
“Depois de visitar Onsite, cheguei à conclusão que somente Deus, com os seus profetas e anjos, poderia proteger o povo libanês. Os estragos causados pela explosão são inimagináveis”, afirma.
Outro cidadão libanês, Ramzi El-houchaimi, nasceu na cidade de Beirute, no meio de uma guerra civil. Por esta razão, ainda na infância teve de emigrar para a França, com os pais, tendo regressado ao Líbano alguns anos depois.
A sua trajectória de vida ficou marcada por passagens em países como Inglaterra e Gabão, até receber o convite de um amigo para visitar Angola. “Quando cheguei em Angola tive a certeza de que seria o meu local ideal para fazer negócios e me estabelecer com a família. Estou cá há 18 anos e os meus três filhos nasceram todos aqui”, revelou.
Para Ramzi, a situação que o Líbano vive deixa-o desesperado. Mas acredita que as coisas mudem nos próximos dias, porque acredita na capacidade que os libaneses têm de se daptar e superar as dificuldades.
Georges Chamieh é outro cidadão de nacionalidade libanesa que está em Angola, há três anos, por motivos de trabalho. O jovem, que tem um estúdio de produção de vídeos, aposta na realização de documentários sobre os principais pontos turísticos do país.
Ao Jornal de Angola, disse que o Líbano é um país democrático, com 18 religiões que realizam as suas actividades de forma livre, sem nenhum problema.“No Líbano, qualquer pessoa pode viver de forma livre”, destacou.
“Não há deserto no Líbano”, diz Georges Chamieh, para acrescentar que a cidade de Beirute é também conhecida como “Paris do Médio Oriente”, onde aprendeu a falar três idiomas na escola (inglês, árabe e francês). “O nosso governo aposta forte no sector da saúde. Temos um médico para cada 10 pessoas e os melhores hospitais do mundo”, afirma.
Chamieh saiu do Líbano para Angola, em 2017. Conta que ficou triste em saber que agora, em consequência da terceira maior explosão do mundo, o seu país sofre uma crise económica. “Estamos todos a rezar e a ajudar em tudo o que podemos fazer, para que as nossas famílias estejam em segurança”, disse, antes de sublinhar que a tragédia destruiu o único porto do Líbano, facto que vai dificultar o abastecimento alimentar no país.
Apesar das dificuldades que o povo libanês enfrenta, Georges Chamieh manifesta felicidade por viver em Angola, terra que considera “bonita, com praias limpas e perfeitas, bons restaurantes e festas agradáveis, onde há tudo de bom”.
Um ataque misterioso Alguns dias antes de ser lido o veredicto de quatro suspeitos da morte de Rafik Hariri, antigo primeiro-ministro do Líbano, ocorreu, em Beiruti, no Líbano, uma grande explosão, concretamente na zona portuária da cidade, que provocou a morte de pelo menos 200 pessoas e o ferimento de mais de cinco mil outras.
O Líbano tem sido palco de momentos de tensão política, com manifestações nas ruas contra a gestão do Governo, devido a crise económica, a pior desde a guerra civil de 1975-1990. Quase metade da cidade está destruída. Segundo as autoridades locais, o cálculo dos danos pode estar avaliado entre três e cinco mil milhões de dólares.
O Presidente da República, João Lourenço, manifestou recentemente, “profundo sentimento de tristeza” pelos acontecimentos ocorridos em Beirute.
O Chefe de Estado enviou uma mensagem ao Presidente do Líbano, Michel Naim Aoun, dizendo que lamenta a perda de vidas humanas e os elevados prejuízos materiais que resultaram das violentas explosões.
Na mensagem, o estadista angolano exprimiu sentimentos de solidariedade à Nação libanesa e aos sinistrados, endereçando condolências as famílias enlutadas.