29 C
Loanda
Domingo, Novembro 24, 2024

Colonos israelitas aproveitam a guerra e expulsam palestinos de suas aldeias na Cisjordânia

PARTILHAR
FONTE:AFP

Em uma hora, uma aldeia palestina da Cisjordânia ocupada ficou sem habitantes. Todos foram embora a pé, com suas cabras e suas ovelhas.

Cinco dias depois da explosão da guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza, os habitantes palestinos afirmam que dezenas de colonos israelenses chegaram ao povoado de Wadi al Seeq, acompanhados de policiais e soldados israelitas.

Deram o prazo de uma hora aos 200 habitantes da comunidade beduína para que deixassem suas terras, asseguram seus representantes.

A AFP entrou em contato diversas vezes com o Exército, que se recusou a responder.

“Pagamos pelo que aconteceu com eles”, diz Abu Bashar, que se refugiou ao lado de dez famílias em um terreno privado de Taybeh, no centro da Cisjordânia.

O criador de gado caprino, de 48 anos, refere-se aos ataques do movimento islamista palestino Hamas em território israelense de 7 de outubro, inéditos por sua violência e magnitude desde a criação do Estado de Israel em 1948. Segundo o balanço israelita, mais de 1.400 pessoas – sobretudo civis – morreram neste ataque.

Desde então, Israel está em guerra contra o Hamas e bombardeia incessantemente a Faixa de Gaza. Mais de 8.000 pessoas morreram no enclave, principalmente civis como em Israel, segundo a contagem do ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas.

E na Cisjordância, ocupada por Israel desde 1967 e, onde já antes do conflito ocorriam confrontos frequentes, tem-se registrado um aumento da violência: mais de 110 pessoas morreram desde o início da guerra.

– Um pesadelo –

A convivência entre os três milhões de palestinos e os mais de 490.000 colonos israelitas, cuja ocupação é ilegal segundo o direito internacional, tornou-se especialmente tensa, com uma média de oito incidentes diários, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), incluindo atos de intimidação, roubos e agressões.

“Nem dormimos mais, é um pesadelo”, conta Alia Mlihat, uma moradora de Mu’arrajat, outra aldeia beduína situada entre Ramallah e Jericó.

Aos 27 anos, tem medo de que seu povo seja o próximo da lista. “Com a guerra, vemos que os colonos têm mais armas, é muito difícil, nos perguntamos o que vai acontecer”, explica.

“Estamos vivendo uma nova ‘Nakba’ por causa dos colonos e do Exército”, acrescenta, aludindo ao termo “catástrofe” em árabe, que designa o deslocamento e expulsão de mais de 760.000 palestinos durante a criação de Israel em 1948.

Este ano, os Mlihat, como a maioria dos beduínos palestinos, abandonaram o deserto de Neguev.

Desde 7 de outubro, 607 pessoas, das quais mais da metade eram crianças, foram deslocadas dentro da Cisjordânia, segundo o OCHA. Nos 18 meses anteriores, 1.100 pessoas já haviam deixado suas terras.

Os colonos da Cisjordânia estão longe de ter o apoio majoritário da opinião pública, mas contam com o apoio de políticos do primeiro escalão, incluindo o de responsáveis do governo de Benjamin Netanyahu, apoiado pela ultradireita.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Cinco capacetes azuis ficam feridos no sul do Líbano; Israel intensifica bombardeios

Um bombardeio israelita, matou nesta quinta-feira (7), três civis e feriu cinco capacetes azuis da ONU no sul do...

Irão ameaça Israel com represálias

O líder supremo do Irão prometeu neste sábado (2) retaliar os ataques de Israel, que confirmou ter capturado, em...

Israel lança ‘ataques de precisão’ contra Irão, explosões são ouvidas em Teerão

Fortes explosões foram ouvidas na madrugada deste sábado (26, data local) em Teerão, indicou a imprensa estatal do Irão,...

Exportações de armas alemãs para Israel aumentam apesar dos rumores de proibição de vendas

Novos números mostram que a exportação de armas da Alemanha para Israel aumentou acentuadamente a partir de agosto, com...