A primeira Cimeira de alto nível, que decorreu no dia 14 de maio em Paris, centrada em proporcionar acesso a tecnologias e combustíveis limpos para cozinhar (cozinha limpa) a mais de mil milhões de pessoas em África que atualmente não a têm, apresentou um compromisso financeiro inovador para resolver uma das desigualdades mais persistentes e profundas do mundo.
Co-presidida pelos líderes dos governos da Tanzânia e da Noruega, e pelo Banco Africano de Desenvolvimento e pela Agência Internacional de Energia, a Cimeira sobre Cozinha Limpa em África mobilizou 2,2 mil milhões de dólares em compromissos financeiros dos governos e do sector privado. Perto de 60 países participaramm na Cimeira, com a presença de mais de 1.000 delegados. O Presidente Emmanuel Macron da França organizou uma sessão especial para chefes de Estado e outros líderes no Palácio do Eliseu por ocasião da Cimeira.
As ferramentas para permitir o acesso a cozinha limpa estão prontamente disponíveis e são acessíveis – e podem ter um impacto profundo na vida das pessoas em toda a África e fora dela. Mas o progresso em muitos países africanos ficou significativamente aquém do observado noutras regiões nas últimas décadas. A Cimeira de Paris marca uma etapa crucial, sendo a primeira vez que uma quantia tão grande foi dedicada ao acesso à cozinha limpa numa única reunião, com o potencial de fazer de 2024 um ponto de viragem numa questão que foi negligenciada durante demasiado tempo. Os compromissos assumidos na Cimeira somam-se a outros compromissos recentes, incluindo o do Banco Africano de Desenvolvimento na COP28 no Dubai.
A falta de acesso a tecnologias e combustíveis limpos para cozinhar afecta mais de 2 mil milhões de pessoas em todo o mundo. Mais de metade está em África, normalmente cozinhando em fogueiras e fogões básicos. Usando carvão, madeira, resíduos agrícolas e esterco animal como combustível, eles inalam gases tóxicos nocivos e fumaça com consequências terríveis para a saúde. É a segunda principal causa de morte prematura em África. As mulheres e as crianças são responsáveis pela maior parte das vidas perdidas, a grande maioria delas na África Subsariana. As oportunidades de educação, emprego e independência são limitadas porque as mulheres passam horas todos os dias à procura de combustíveis rudimentares.
A Presidente Samia Suluhu Hassan , da Tanzânia, afirmou: “Garantir o acesso a cozinha limpa para todos em África necessita de financiamento adequado, acessível e sustentável para soluções e inovações apropriadas; atenção global adequada; e políticas e parcerias inteligentes. O avanço bem sucedido da agenda de cozinha limpa em África contribuiria para proteger o ambiente, o clima, a saúde e garantir a igualdade de género. Esta Cimeira sublinha o nosso compromisso em fazer avançar esta agenda e fornecer um quadro para a adopção universal de combustíveis e tecnologias limpas para cozinhar em todo o continente.”
O Primeiro-Ministro Jonas Gahr Støre, da Noruega, afirmou: “Melhorar o acesso a uma cozinha limpa tem a ver com melhorar os resultados de saúde, reduzir as emissões e criar oportunidades para o crescimento económico. Com a Cimeira de hoje, mobilizámos o apoio tão necessário e construímos uma parceria diversificada que, em conjunto, pode fazer uma verdadeira diferença. A Noruega é um firme defensor da cozinha limpa e tive o prazer de anunciar hoje que estamos empenhados em investir aproximadamente 50 milhões de dólares nesta importante causa.”
O Presidente do Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi A. Adesina, disse: “No Banco Africano de Desenvolvimento, temos o prazer de desempenhar um papel de liderança ao lado da Agência Internacional de Energia (AIE), da Tanzânia e da Noruega, para resolver definitivamente a falta de acesso a cozinha limpa, que afecta mil milhões de pessoas em África. Em concertação com os países, aumentaremos o nosso financiamento para a cozinha limpa para 200 milhões de dólares anuais durante a próxima década, ao mesmo tempo que aumentaremos a provisão de financiamento misto para a cozinha limpa através do Fundo de Energia Sustentável para África (SEFA).”
Histórias de sucesso de outras regiões demonstram que é possível alcançar progressos rápidos e transformadores na cozinha limpa. Abordagens inovadoras semelhantes são agora necessárias em países de África. Todos os líderes presentes na Cimeira salientaram que agora é o momento de mostrar esforço, resolvendo este problema de uma vez por todas.
Na Cimeira, mais de 100 países, instituições internacionais, empresas e organizações da sociedade civil também assinaram a Declaração de Cozinha Limpa , comprometendo-se a tornar a questão uma prioridade e a intensificar os esforços para alcançar o acesso universal para todos.