Cento e 24 cidadãos, entre crianças e adultos, que viviam nas ruas da cidade do Huambo, foram recolhidos e devolvidos, há dias, ao convívio familiar, pela Administração municipal.
A informação foi prestada à ANGOP, esta terça-feira, pela administradora adjunta do município do Huambo para o sector Político, Social e das Comunidades, Marta Mendes Teixeira, ao referir tratar-se de 40 crianças e 84 adultos, entre 12 e 60 anos de idade, que viviam nas ruas desta cidade como pedintes e mendigos.
Segundo a responsável, dos cidadãos retirados das ruas, numa campanha iniciada a 04 do corrente mês, constam três bebés e igual número de gestantes e deficientes.
Marta Mendes Teixeira fez saber que, depois de recolhidos, em parceria com a Polícia Nacional, os referidos cidadãos foram levados a um abrigo do bairro das Cacilhas, arredores da cidade do Huambo, para o cadastro e o início do processo de reunificação familiar.
Referiu que depois de abordados, os pais de algumas crianças alegaram a indisciplina destes em não acatar as repreensões e conselhos, optando, na maior parte, pelas ruas, sem qualquer controlo, ao invés do convívio familiar.
Relativamente aos adultos, disse que os mesmos afirmaram não terem qualquer familiar no Huambo, por serem provenientes de outros municípios e das províncias do Bié e Cuanza Sul, o que requer um trabalho aturado para a sua reunificação familiar.
Regresso às ruas
Marta Mendes Teixeira lamentou o facto de alguns desses cidadãos regressarem às ruas, dias depois de recolhidos, uma situação que exige o envolvimento consertado entre as diversas franjas da sociedade.
Fez saber que em Junho próximo, no âmbito da mesma campanha, far-se-á uma nova recolha, principalmente, no centro da cidade do Huambo, assim como o balanço de quantas crianças regressaram às ruas, para se apurar causas e as devidas responsabilidades.
Ezequiel Francisco, de 17 anos de idade, disse ser órfão de pai e mãe e que mora nas ruas com amigos, por ser um local onde facilmente pode encontrar trabalhos, como o de deitar o lixo, capinar, levar cargas e outros, num pagamento, entre 300 e a 500 Kwanzas, para o sustento.
Referiu sentir-se bem com o estilo de vida que leva, em detrimento de um centro de acolhimento, por ser um local onde se sente livre e sem qualquer controlo do que faz.
Adelino Cassamuholo, de 15 anos de idade, disse que está nas ruas para sobreviver, pois a sua mãe, moradora no bairro Calundo, periferia da cidade do Huambo, e o pai na comuna da Calenga, município da Caála, não têm dinheiro para o sustentar.
Paulo Essandjo, de 20 de idade, órfão de mãe, contou que morava no bairro São Pedro, arredores da cidade do Huambo, tendo fugido de casa por maus-tratos da madrasta.
Visão sociológica
Abordado pela ANGOP, o sociólogo Amaro Troco apontou a desestruturação e a pobreza familiar como as principais causas do registo da presença constante de cidadãos nas ruas.
Disse que a fuga destes em lares ou centos de acolhimento resulta, em certa medida, da falta de amor e carinho.
Amaro Troco disse que as cidadãos e as crianças, em particular, podem ter comida e outras condições nos centros e lares de acolhimento, mas se não tiverem amor e carinho que necessitam, preferem procurar a felicidade nas ruas, o mesmo acontece dentro do convívio familiar.
Por isso, apelou à melhoria das condições de acomodação e de tratamento, assim como o envolvimento dos psicólogos e sociólogos no processo de reunificação familiar, por se tratar de pessoas traumatizadas ou vítimas de violência.
O município do Huambo conta, entre públicos e privados, com o lar dos Pequeninos, SOS, Casa dos Rapazes e o Criança Feliz, para crianças e adolescentes, enquanto para idosos estão o da Chivela, Dango, Ongunji yo Muenho e Mártires do Amor. ZZN/ALH