Os chilenos continuam a votar para escolher os membros da Convenção, que vão preparar a nova Constituição. Estas eleições inserem-se num movimento de ruptura histórica com a era ditatorial de Augusto Pinochet, da qual ainda data a Constituição em vigor.
Os chilenos votam para eleger os 155 membros da Convenção Constitucional, que será incumbida de redigir a nova lei fundamental do país, que deverá marcar uma ruptura histórica com as instituições da época da ditadura, liderada pelo general Augusto Pinochet.
Da Convenção farão parte autoridades locais, assim como 1.373 candidatos, entre os quais políticos, actores, escritores, professores, activistas sociais e advogados constitucionalistas. Todos estes participarão na redacção da nova Constituição, que vai substituir o texto actualmente em vigor.
Cerca de 14,9 milhões de eleitores vão às urnas, num escrutínio considerado como um dos mais importantes desde que o Chile assinalou o seu regresso à democracia há 31 anos.
Segundo o Serviço Eleitoral, órgão responsável pela gestão do escrutínio, no sábado votaram mais de três milhões de pessoas, isto é, aproximadamente 20,4% do eleitorado chileno.
A Constituição do Chile data de 1980 e foi implementada no apogeu do ditador Augusto Pinochet.
As desigualdades desencadeadas pelo referido texto de lei, estão na origem dos imensos protestos ocorridos em Outubro de 2019 no Chile, durante os quais morreram trinta e seis pessoas.
Os protestos obrigaram o governo de Sebastián Piñera a organizar um referendo sobre uma nova Constituição, inicialmente prevista para Abril de 2020, decorreu em 25 de Outubro do mesmo ano, devido à crise sanitária provocada pela epidemia de Covid-19.
Oitenta por cento dos chilenos votaram a favor de uma nova Constituição, redigida integralmente por pessoas eleitas pelo povo.
De acordo com os analistas locais, a eleição para a Convenção Constitucional chilena será essencialmente uma batalha entre candidatos dos partidos da esquerda e da direita. Os independentes não devem captar um apoio popular significativo.
Os partidos da esquerda esperam obter, através da futura nova Lei Fundamental, um maior control estatal dos recursos mineiros e naturais do país, privatizados durante a ditadura de Pinochet, bem como mais investimento público na educação, saúde, nas reformas e na previdência social.
O Chile, uma das economias mais desenvolvidas da América Latina, mas com fortes desigualdades, foi o primeiro laboratório do modelo económico neoliberal, que levou nomeadamente a privatização de todo o ensino universitário, durante a era de Augusto Pinochet.