Os moradores da Centralidade do Zango 5, em Viana, estão há mais de um mês sem o fornecimento de água potável nas suas casas. Quem lá vive queixa-se de que está a ser difícil viver naquele projecto habitacional que tem apenas três anos de existência e muitos problemas, soube o Novo Jornal junto dos munícipes.
“Na verdade, estamos deste Dezembro de 2020 sem água nos apartamentos. Antes, a água corria em alguns quarteirões e ainda fazíamos a “ginástica” de ir acarretar nesses locais, mas agora toda a centralidade ficou sem água corrente deste Janeiro último.
O que é muito complicado para quem não tem reservatório”, disseram ao Novo Jornal vários moradores. O munícipe Belchior Almeida,residente no bloco O, edifício 63, contou que existem contadores hidráulicos nos apartamentos, mas que ainda assim são obrigados pelos técnicos da agência da EPAL na centralidade a procederem aos pagamentos por estimativas de algo que não consomem.
Ao Novo Jornal, alguns moradores asseguram que têm enfrentado enormes dificuldades para manter a higiene pessoal e satisfazer algumas necessidades. Mário Cabral, também morador, aflito por não encontrar outra via para inverter o quadro crítico da carência de água na centralidade, contou que diariamente tem de carregar cerca de 20 litros de água do serviço para casa.
Segundo os residentes, apesar de existirem em alguns edifícios tanques-reservatórios, os mesmos não são suficientes para acudir a demanda da população na procura da água.
Uma moradora, que preferiu não ser identificada, explicou ao Novo Jornal que não conseguiu ir ao serviço esta segunda-feira, 22, por não ter em casa um litro de água para cozinhar ou para tratar da higiene.
“Para cozinhar tive de ir pedir dois litros de água à minha vizinha. Não consegui ir ao serviço porque não há água em casa. Felizmente ontem choveu um pouco aqui no Zango 5, e foi uma grande satisfação para nós a chuva porque tivemos todos que aproveitar a água”, salientou.
Os moradores da Centralidade do Zango 5 asseguram ao Novo Jornal que já fizeram várias reclamações junto da EPAL, mas que nunca obtiverem resposta.
Contactado pelo Novo Jornal, o porta-voz da EPAL, Vladimir Bernardo, disse que o volume de água enviado para a centralidade a partir da estação de tratamento do Calumbo não tem sido suficiente para manter o abastecimento habitual no Zango 5.
E como solução, prossegue, o abastecimento de água aos reservatórios da centralidade passará a ser feito através de manobras alternando com o Centro de Distribuição do Zango 3 e o abastecimento às moradias. “A partir desta semana, o abastecimento de água à centralidade será feito em algumas horas, isto é, no período da manhã e no período da noite”, explicou.
Vladimir Bernardo garantiu que a gestão da distribuição de água à Centralidade do Zango 5 é feita por uma empresa chinesa, estando a EPAL a encetar contactos junto do Fundo Habitacional para apoiar este empreiteiro a solucionar essa questão.
A Centralidade do Zango 5 está edificada no sudeste da cidade de Luanda, no município de Viana, e contempla moradias isoladas e geminadas (com três quartos) e edifícios com dois e três pisos. Os primeiros moradores receberam as chaves em Outubro de 2018. Para além da falta de água, os habitantes daquela centralidade queixam-se igualmente da falta de serviços sociais e de saúde.