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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Caso Lussaty: Antigo coronel da ex-Casa de Segurança do PR denuncia em tribunal que UGP financiou campanhas do MPLA e corrompeu militantes da UNITA

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O coronel Jacinto Hengombe, antigo assistente principal da secretaria-geral da ex-Casa de Segurança, actual Casa Militar do Presidente da República, revelou em tribunal, no prosseguimento do julgamento do “caso Lussaty”, que a Unidade da Guarda Presidencial (UGP) financiou as campanhas eleitorais do MPLA de 2008, 2012 e 2017.

O ex-homem de confiança do secretário-geral da antiga Casa de Segurança, que em 2021 viu a designação alterada para Casa Militar do Presidente da República, relevou também, sem fornecer provas complementares à sua palavra, que a UGP usou o seu fundo operativo para corromper militantes da UNITA na Jamba e Mavinga, no Kuando Kubango, assim como na província do Bié para que estes deixassem o partido e ficassem em contradição com a direcção do “Galo Negro”.

Em tribunal, esta terça-feira, 30, o coronel da UGP disse que Casa de Segurança do PR suportou as despesas logísticas do MPLA nas eleições de 2008, 2012, 2017 e que o dinheiro era canalizado para a Unidade da Guarda Presidencial através da Casa de Segurança, embora tenha dado como garantia apenas a sua palavra.

“Esse dinheiro vinha em forma de salário na Unidade da Guarda Presidencial, via Casa de Segurança, para uso exclusivo da logística do MPLA. Nós usávamos o dinheiro nos comícios, na mobilização de militantes que resultaram na vitória do MPLA, nessas eleições”, contou o arguido em tribunal.

Aos juízes, Jacinto Hengombe disse que o tribunal pode saber mais sobre esse assunto caso chamem os generais Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, então ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República e Sequeira João Lourenço (irmão do PR João Lourenço), que eram os chefes da Casa Militar na altura.

“Na Casa de Segurança do PR, para além dos valores destinados para vencimentos e salários, havia também despesas operativas e esses valores todos passavam pela UGP. Eu recebia ordem para ir buscar os valores para as despesas operativas, que eram para apoiar as eleições. Apoiamos a campanha eleitoral do MPLA e do Presidente José Eduardo dos Santos nas eleições de 2008, 2012 e para o Presidente João Lourenço, em 2017”, relevou, sendo de notar que o tribunal não pediu para o arguido apresentar provas das graves acusações que estava a fazer.

 - portal de angola
O coronel Jacinto Hengombe antigo assistente principal da secretaria geral da ex Casa de Segurança actual Casa Militar do Presidente da República revelou em tribunal no prosseguimento do julgamento do caso Lussaty que a Unidade da Guarda Presidencial UGP financiou as campanhas eleitorais do MPLA de 2008 2012 e 2017<br >DR

Interrogado pelo tribunal se cabia à Casa de Segurança do PR apoiar as eleições do MPLA e do seu líder, o antigo assistente principal da secretária-geral respondeu ao juiz para questionar a direcção da Casa de Segurança.

O coronel arguido assegurou ainda que da Casa de Segurança do Presidente da República também saia dinheiro para o Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), gerido pelo ex-ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais, tendo sido este condenado a 14 anos de prisão por desvios de fundos deste “Gabinete” que foi extinto com a chegada de João Lourenço à Presidência.

O Antigo assistente principal da secretária-geral da Casa de Segurança, garante que quem assinava os planos de pagamentos das unidades dependentes e independentes, eram os generais Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e o seu adjunto, Sequeira João Lourenço.

“Eu apenas assinava quando o secretário-geral estivesse ausente. Mas antes chamavam-me ao gabinete para me autorizarem porque o chefe tinha muito expediente”, disse.

Questionado pelo juiz se assinou as folhas de pagamentos a mando do seu superior, respondeu que sim e que o fez durante muitos anos.

“Apenas recebia ordem dos meus superiores. Um coronel não pode questionar nem negar ordem de um general”, salientou.

O coronal contou ser um dos oficiais credenciados pela Casa de Segurança para ir levantar o dinheiro na caixa forte de uma instituição bancaria e levar à tesouraria da UGP, mas devidamente escoltado pela guarda presidencial.

Perguntado se fazia o pagamento da Banda de Música da Casa de Segurança, como refere a acusação, o ex-homem de confiança do secretário-geral respondeu que não era ele quem o fazia.

 - portal de angola
Caso Lussaty Advogado de major milionário questiona porque é que os generais Kopelipa Pedro Sebastião e Cerqueira João Lourenço não são arguidos Lussaty é vítima de tubarões<br >DR

Interrogado se tinha competência para autorização financeira na Casa de Segurança, respondeu que não e salientou: “os militares apenas cumprem ordens”.

Questionado se o Ministério das Finanças fazia auditoria na Casa de Segurança do Presidente da República, respondeu que não e que nunca viu.

Perguntado qual era a relação que mantinha com o major Pedro Lussaty, a principal figura do processo, respondeu que não mantinha nenhuma relação com o mesmo.

Perguntado sobre o porquê de o seu nome aparecer na lista de beneficiários do dinheiro fraudulento da UGP, o coronel, que se encontra em prisão preventiva, disse não saber.

Solicitado a esclarecer de quem era a competência de retirar da folha de salário os nomes dos militares falecidos, respondeu ser da área de pessoal e quadro e do Chefe do Estado Maior General das FAA.

O julgamento do caso Lussaty prossegue esta semana, no Tribunal de Comarca de Luanda, em Talatona, com interrogatório aos demais arguidos no processo.

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