Angop
O Conselho Nacional de Carregadores (CNC), instituto público tutelado pelo Ministério dos Transportes, aplicou nove milhões e 500 mil dólares norte-americanos para a empresa ASGM e mais de sete milhões para a CIMMA, empresas que nunca renderam lucros ao Estado angolano.
O facto foi declarado, nesta quarta-feira, em tribunal, durante a 15ª sessão de audiência e discussão de julgamento, pelos declarantes Fidel da Silva, antigo administrador executivo para a área Financeira da ASGM, e José Kindanda, da Comissão Executiva da CIMMA.
Ambos estão arrolados no processo como declarantes do caso CNC, cuja principal figura é o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás.
A par do ex-ministro estão, igualmente, arrolados outros quatro co-réus da antiga direcção do Conselho Nacional de Carregadores (Manuel Paulo, Isabel Bragança, Rui Moita e Eurico Pereira da Silva).
O declarante Fidel da Silva afirmou que a ASGM, virada para a importação e montagem de viaturas, tinha como accionistas as empresas CNC, Mbakassy & Filhos, Acomotor, Agfi, Suninvest e António Mosquito.
O despacho de acusação e pronúncia concluiu que a ASGM precisava apenas de um capital social de USD$720 mil, mas o CNC, ao estabelecer a participação social, injectou nove milhões e 600 mil.
O gestor confirmou a recepção dos valores injectados pelo CNC, que diz terem-lhe sido passados pelos accionistas principais da empresa, nomeadamente, a Suninvest e Acomotor.
Apesar de receber os valores do CNC, a ASGM era uma empresa deficitária e não dava lucros, disse o declarante, que viria a demitir-se do cargo um ano depois da recepção desse valor monetário (em 2010).
Já outro declarante, José Kindanda, membro da comissão executiva da CIMMA, precisou que essa companhia era detida pela Suninvest (60 por cento), Sonils (10), CNC (15), Unicargas (10) e Sopromils (5).
Dessas empresas, apenas o CNC (USD$7 milhões e 500 mil) e Unicargas (286 milhões de kwanzas) aplicaram valores monetários para a CIMMA, empresa que precisava apenas de sete mil e 500 dólares para dar corpo a sua actividade comercial.
O dinheiro serviu para adquirir, na República da China, 100 autocarros que foram distribuídas para a empresa SGO (57), detida pela Suninvest, 37 para a empresa pública Transportes Colectivos Urbanos de Luanda (TCUL) e seis para a Transgol.
Com excepção da TCUL, as restantes não davam lucros ao Estado angolano, muito menos devolveram o remanescente.
O Tribunal Supremo, que prossegue o interrogatório a mais declarantes, ouviu também, hoje, José Mauel Razak e Ildo Mateus do Nascimento.