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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Carnaval incentiva a unidade e a coesão – ministra Carolina Cerqueira

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A ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, destacou, nesta quinta-feira, em Luanda, o Carnaval como uma criação cultural colectiva que expressa a angolanidade, uma festa que emana da unidade nacional, incentiva e encoraja a coesão e a integração social.

A ministra, que falava no encontro sobre o Carnaval promovido pela Associação Recreativa e Cultural Chá de Caxinde, escreve Angop, realçou a necessidade de preservação das suas características, por ser um elemento capaz de transmitir, na sua essência, a estrutura estética e temática, os vários contextos históricos, culturais, sociais, políticos de Angola.

Avançou ainda ser necessário o aprofundamento do conhecimento das manifestações culturais locais, através de um processo de inventariação completa e do seu estudo, síntese, sistematização e divulgação.

Esta acção, de acordo com Carolina Cerqueira, requer um esforço sério para o prosseguimento da investigação científica que já se verifica a nível de especialistas nacionais e estrangeiros, pelo que urge uma grande mobilização de quadros que se dediquem a esta iniciativa, quer a título pessoal, quer através de associações, grupos culturais e outras instituições.

Acrescentou que está em curso um vasto ciclo de auscultação a nível nacional, por todo o país, para incentivar um debate aberto e construtivo sobre a sustentabilidade e autonomia financeira do Carnaval, para mitigar o peso do seu custo no OGE.

O novo paradigma de financiamento do Carnaval, adiantou, terá que ter em conta o papel dos mecenas, dos patrocinadores, as receitas dos jogos a serem concretizados junto do Ministério das Finanças para apoiar esta importante indústria criativa e cultural, assim como a finalização das actividades dos grupos carnavalescos com festas, leilões de obras de arte, venda de merchandise e animação de eventos, devendo o OGE financiar essencialmente a organização e pequenos apoios aos grupos.

Acrescentou que de forma gradual estas iniciativas poderão reduzir o grande peso do financiamento que o Estado presta actualmente ao Carnaval.

A intervenção do Estado no financiamento e organização do Carnaval, segundo a ministra, não significa que os grupos não devam concorrer para a captação de outros recursos financeiros e materiais, por exemplo, por meio de patrocínios e apoios junto do empresariado.

Nesta perspectiva, reforçou, para além do Estado, cujas acções e atenção estão viradas para a Politica Cultural e a criação de infra-estruturas e meios para a sua execução, é preciso despertar o interesse do sector empresarial para assegurar a sustentabilidade e a qualidade que se pretende do Carnaval.

“Precisamos olhar para a possibilidade de o Carnaval tornar-se num fenómeno de atracção turística, devendo, para isso ser promovido e devidamente organizado, até encarado como fonte de recursos e de benefícios para os seus organizadores, participantes e as próprias comunidades”, reforçou.

Destacou igualmente a necessidade de se promover uma reflexão do ponto de vista financeiro e do tipo de organização dos grupos, tendo em conta que os grupos têm de ser capazes de conciliar os seus objectivos com os imperativos da actualidade dado o contexto de reestruturação que o país vive e as associações consideradas como parceiro do Governo contribuir para a definição, com rigor e clareza, dos critérios de eficácia e interferir de forma positiva na luta pela organização e valorização do Entrudo.

“O Carnaval reclama uma visão nova, tendo em conta o seu aspecto cultural e do grande peso junto das comunidades, mas ao mesmo tempo há que preservar objectivos de interesse social e com fins que possam agregar valor económico na sua essência, não se cingindo unicamente, na perspectiva mercantilista, mas, sobretudo, na comunhão de manifestações culturais e artísticas e de cariz tradicional, para um verdadeiro resgate dos valores, hábitos e costumes que contribuem para o desenvolvimento da nossa Cultura, da consolidação, da identidade nacional e da Nação Angolana”, asseverou.

Nas diversas manifestações culturais, disse Carolina Cerqueira, o resgate dos valores do passado comum tem sido evidenciado com expressões das novas manifestações, demonstrando as inquietações e as aspirações que requeridas pela modernidade.

A ministra frisou que do ponto de vista organizativo, o carnaval deve ser capaz de trazer para a contemporaneidade os valores das tradições populares, revestidas de novas e modernas características, o que não significa a perda de espontaneidade ou da alma de festa popular ou tradicional que é simbolizada pela miscigenação dos grupos etnolinguísticos que compreendem a identidade nacional e cultural.

“O Ministério da Cultura continuará a prestar especial atenção ao carnaval, mas os grupos, as associações e o empresariado serão chamados a colaborar para este grande objectivo de tornar a nossa maior festa popular preservada e cada vez mais valorizada à escala nacional, regional e internacional”, disse.

“Nesse contexto, estamos a promover um vasto diálogo de auscultação e de pesquisa sobre o futuro do Carnaval e sobre as suas formas de financiamento para que deixe de constituir um peso considerável nas despesas do Estado, que podem ser mitigadas a médio prazo.

Carolina Cerqueira referiu que enquanto fenómeno Cultural, como expressão do Património imaterial da Cultura angolana, o Carnaval comporta um conjunto de práticas económicas, complexas e que poderão ser produtoras de riqueza, pelo que é necessário equacionar um sistema de gestão robusto para fazer frente à sua dimensão e complexidade.

Asseverou que o subsídio que o Estado garante resulta de um paradigma que deve ser invertido, com a definição de uma nova estratégia assente aspectos económicos que podem garantir mais emprego, sobretudo para os jovens, e mais oportunidades empresariais em áreas como hotelaria, restauração, vestuário e máscaras, montagem de palcos, construção de carros alegóricos, aluguer de equipamentos, serviços de músicos, de pessoal de limpeza, de segurança e outros.

A ministra reforçou que o Carnaval é o ponto alto do turismo de muitas cidades, como por exemplo no Rio de Janeiro, e em Angola uma boa organização poderá ser um contributo forte para o desenvolvimento da actividade turística nacional.

Para mudar o actual paradigma, disse, deve-se promover um diagnóstico sócio cultural, fazer um levantamento profissional dos efeitos do Carnaval, a auscultação das ideias da sociedade civil de forma continuada, cuidar do estabelecimento de parcerias internacionais para incremento dos níveis de performance económica, realizar a ligação institucional com outras entidades com interesses e intervenção económica no Carnaval (turismo, transportes, comércio), propor novas actividades economicamente viáveis associadas ao carnaval e tendo em conta a realidade nacional, bem como as experiências internacionais.

“Para que não existam problemas, essa passagem deverá ser acompanhada por uma mudança conceptual, alicerçada numa governança robusta, pois as questões que se levantam são complexas e de elevada dimensão, económica e social, pois o fenómeno do Carnaval tem um impacto muito elevado no emprego, quer através do recrutamento e horas extraordinárias dos empregados formais das empresas, quer dos trabalhadores independentes ou ainda de informais que, com a sua venda, têm no Carnaval uma forma de actividade que deve ser pedagogicamente organizada e paulatinamente inserida em níveis básicos de formalidade”, aclarou.

Para além da mesa redonda houve uma demonstração dos grupos carnavalescos do Kabokomeu, Recreativo do Kilamba e Cassules do Sambizanga.

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