A Comissão Eleitoral da Rússia vetou neste sábado a candidatura à eleição presidencial da jornalista e ex-vereadora Yekaterina Duntsova, uma ativista da democracia que defende o fim da ofensiva na Ucrânia.
A comissão alegou “erros na documentação” apresentadas para o registro da candidatura, informou a imprensa russa.
A presidente da comissão, Ella Pamfilova, declarou que o organismo decidiu por unanimidade impedir a candidatura da mulher de 40 anos às eleições de março. A vitória do presidente Vladimir Putin, que está no poder desde 1999, é considerada certa no pleito e ele deve obter um novo mandato de seis anos.
“Você é uma mulher jovem e tem a vida pela frente”, declarou Pamfilova à candidata.
Duntsova criticou a decisão, que chamou de “triste”.
No Telegram, ela anunciou a intenção de apresentar um recurso de apelação à Suprema Corte da Rússia.
“Não acabou”, disse.
Na prática, no entanto, o processo tem pouca possibilidade de prosperar, pois qualquer candidatura que represente uma oposição direta à política do Kremlin não tem chance de receber autorização.
Duntsova também pediu aos dirigentes do pequeno partido liberal Yabloko que apoiem sua candidatura.
“Não podemos ficar de braços cruzado. Esta é a última oportunidade legal para que os cidadãos expressem sua divergência com a política das atuais autoridades”, afirmou no Telegram. “Os russos precisam escolher”.
“Milhares de vidas dependem de sua decisão”, destacou.
Pamfilova informou que 29 pessoas apresentaram documentação para registrar candidaturas à presidência, que tem a votação marcada para março de 2024.
Na Rússia, a oposição é quase inexistente, após anos de repressão, uma política que ficou ainda mais intensa desde o início da ofensiva na Ucrânia, em fevereiro de 2022.