25.6 C
Loanda
Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Senado dos EUA aprova recomendação de romper relação com o Brasil em caso de golpe

Senado dos EUA aprova recomendação de romper relação com o Brasil em caso de golpe

PARTILHAR

O Senado dos Estados Unidos aprovou por unanimidade, na noite desta quarta-feira (28/9), uma resolução apresentada pelo senador Bernie Sanders e outros cinco senadores democratas para defender a democracia no Brasil.

Em sua defesa da medida, no plenário do Senado, Sanders afirmou que o texto não era favorável a qualquer candidato e sim favorável ao rompimento de relações e assistência militar entre países em caso de um golpe.

“Não estamos tomando lado na eleição brasileira, o que estamos fazendo é expressar o consenso do Senado de que o governo dos EUA deve deixar inequivocamente claro que a continuidade da relação entre Brasil e EUA depende do compromisso do governo do Brasil com democracia e direitos humanos.”

“O governo Biden deve deixar claro que os Estados Unidos não apoiam nenhum governo que chegue ao poder ao Brasil por meios não democráticos e assegurar que a assistência militar é condicional à democracia e transição pacífica de poder”, afirmou Sanders.

A medida não contava com apoio declarado de nenhum republicano, mas, pelas regras da Câmara Alta, se nenhum senador objeta a um texto de resolução, ele é aprovado por unanimidade na casa.

A aprovação acontece a apenas 4 dias da eleição presidencial no Brasil e após repetidas acusações, sem provas, do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que o sistema eleitoral brasileiro não é seguro e de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é “parcial”. De acordo com as pesquisas eleitorais, Bolsonaro, que tenta a reeleição, está atualmente atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“É imperativo que o Senado dos EUA deixe claro por meio desta resolução que apoiamos a democracia no Brasil”, disse Sanders.

“Seria inaceitável que os EUA reconhecessem um governo que chegou ao poder de forma não democrática e enviaria uma mensagem horrível para o mundo inteiro. É importante que o povo brasileiro saiba que estamos do lado deles, do lado da democracia. Com a aprovação desta resolução, estamos enviando essa mensagem.”

“É a primeira vez em muitas décadas que vemos esse tipo de resolução em relação ao Brasil. Isso não aconteceu nem mesmo durante a ditadura militar”, afirmou James Green, historiador da Brown University e presidente do Washington Brazil Institute.

 - portal de angola
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro repetidamente coloca o sistema eleitoral brasileiro em dúvida<br >DR

A resolução é a última sinalização de autoridades americanas que iniciaram há alguns meses um movimento contínuo e constante de expressar preocupação com a situação política no Brasil. Apenas esta semana houve ao menos outras duas manifestações públicas.

Na segunda-feira (26/9), o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse à BBC News Brasil que “como parceiro democrático, os EUA acompanharão as eleições de outubro com grande interesse”.

“Esperamos que as eleições sejam conduzidas de maneira livre, justa e confiável, uma prova da força duradoura da democracia brasileira”, acrescentou.

Na terça, apenas seis dias antes de os brasileiros irem às urnas, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou em coletiva de imprensa que os americanos “monitorariam” a eleição no domingo e expressou preocupação com a escalada de violência política nas ruas.

“Os EUA condenam a violência e pedem que os brasileiros façam suas vozes serem ouvidas de maneira pacífica”, afirmou Jean-Pierre.

Para a cientista política e ex-assessora legislativa no Congresso dos EUA, Beatriz Rey, o movimento é “mais um endosso político para as ações que tanto a Casa Branca quanto o Departamento de Estado já vem tomando”.

A expectativa é que os EUA reconheçam o resultado da urna o mais rapidamente possível após o anúncio do vencedor pelo TSE, no próximo domingo ou no dia 30 de outubro, em caso de segundo turno.

A resolução foi apresentação pelos senadores Bernie Sanders, Tim Kaine, chefe do subcomitê de Relações Exteriores do Congresso para o Hemisfério Ocidental; Patrick Leahy, Jeff Merkley, Richard Blumenthal e Elizabeth Warren.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Todas as atenções estão voltadas para o Congresso Extraordinário do MPLA

Por: Reginaldo Silva (Jornalista) Continua no segredo dos deuses o conteúdo da proposta de “ajustamento estatutário” que o 8ºCongresso Extraordinário...

Segundo o FMI, o crescimento na África Subsariana está a divergir entre dois grupos, e Angola está no grupo de trás

A África Subsariana alberga nove das vinte economias que mais crescem no mundo este ano, de acordo com o...

Projecto Angola LNG de 12 mil milhões de dólares planeia expansão à medida que aumenta a procura de gás

Os fornecimentos adicionais esperados de gás natural durante o próximo ano levaram o consórcio que opera o projecto Angola...

Haja Homem!

Por: Reginaldo Silva (Jornalista) Em qualquer geografia do mundo mais politicamente consolidada do ponto de vista democrático, entenda-se democracia...