Advogado do líder do Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe, José Mateus “Zecamutchima”, denuncia que o seu cliente está detido de forma ilegal, após vencerem os 120 dias de prisão preventiva.
Segundo Salvador Freire, à luz do novo Código Penal angolano, Zecamutchima, detido a 8 de Fevereiro, “já cumpriu os 120 dias de prisão preventiva e neste momento está preso de forma ilegal”.
“Mais do que nunca, o Zecamutchima já deveria estar em liberdade, mas, infelizmente, não sabemos por que questões ele continua detido. Insistimos que a Procuradoria já deveria mandar a sua soltura porque os prazos de prisão preventiva venceram”, afirmou o advogado, esta segunda-feira (14.06).
Em declarações à agência de notícias Lusa, Salvador Freire referiu que o prazo de prisão preventiva terminou no dia 9 deste mês, considerando estar-se diante de uma “denegação de justiça”, o que se configura, referiu, “num crime”.
Agentes do SIC Luanda “preocupadíssimos”
Indiciado pelos crimes de “associação de malfeitores e rebelião armada”, na sequência os incidentes de 30 de Janeiro em Cafunfo, que resultaram em mortos e feridos, Zecamutchima está detido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) em Luanda, desde 8 de Fevereiro passado.
Segundo a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao MPPLT, que há anos defende a autonomia daquela região rica em recursos minerais, tentaram invadir, na madrugada de 30 de Janeiro passado, uma esquadra policial de Cafunfo, província angolana da Lunda Norte, e em defesa as foras de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.
A versão policial é contrariada pelos dirigentes do Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT,) partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de uma dezena de mortos.
Zecamutchima é apontado pelas autoridades como cabecilha deste alegado “ato de rebelião” que para os cidadãos locais era uma “manifestação pacífica”.
Esta segunda-feira, Salvador Freire voltou a lamentar igualmente a “ausência de informações concretas” do SIC sobre a permanência de Zecamutchima em Luanda, referindo que os agentes do SIC Luanda “também estão preocupadíssimos com a situação, porque acham que alguma coisa não está a andar bem a nível da província da Lunda Norte (palco dos incidentes de Cafunfo)”, frisou.
“Não sabemos se há ordens superiores ou não para que Zecamutchima continua detido, portanto isto é contra os princípios da dignidade da pessoa humana e efectivamente o Estado está a violar os direitos de Zecamutchima”, rematou Salvador Freire.