Jornal de Angola | Kilssia Ferreira
Angola tem uma reserva actual de cerca de 200 palancas negras gigantes, mas que se encontra em vias de extinção, devido à caça furtiva que se propaga no Parque Nacional de Cangandala, em Malanje, afirmou, em Luanda, o secretário do Ambiente, Joaquim Manuel.
Ao intervir na quinta-feira no seminário sobre o “Programa de Protecção da Palanca Negra Gigante”, o governante manifestou-se preocupado com a situação e disse que a espécie se sente ameaçada, mas o Ministério do Ambiente esboçou, há mais de 20 anos, um plano para a sua recuperação.
Joaquim Manuel disse que o crescimento desta espécie está apenas na ordem dos dez por cento, mas o ideal seria 70, para que, caso se registe uma eventual catástrofe na zona, haja exemplares suficientes para a sua sobrevivência.
Para o secretário de Estado do Ambiente, a caça furtiva ainda continua a ser uma ameaça, por insuficiência de fiscais. Sublinhou que a nível do país existem apenas 1.600 fiscais, número que fica muito aquém da cobertura que se pretende.
A caça furtiva, segundo o governante, é mais praticada na Reserva Integral do Luando, na província de Malanje, comparativamente ao Parque Nacional de Cangandala, por ser uma área muito vasta, onde o número de fiscais não se faz sentir devido à sua exiguidade.
O secretário de Estado do Ambiente acredita que a aplicação de novas tecnologias de controlo poderá ajudar, também, na detenção de caçadores furtivos, o que implicará a redução de fiscais.
Durante a sua intervenção, Joaquim Manuel disse que a Palanca Negra Gigante constitui o símbolo nacional, daí a sua importância para o sector do Ambiente e dos parceiros nacionais e internacionais.
Por outro lado, deu a conhecer a existência de um plano de gestão para os próximos cinco anos, que vai permitir a realização do ecoturismo na zona, para angariar fundos que poderão ajudar na conservação da localidade.
“Queremos levar o turismo nestas zonas, com educação ambiental, e dar a conhecer o significado da espécie, com o objectivo de angariarmos fundos para a conservação e inserir as comunidades que, actualmente, residem nas redondezas das actividades de ecoturismo”, salientou.
O coordenador da Unidade Técnica do Comité de Protecção e Conservação da Palanca Gigante, Vladimir Russo, disse que existe uma proposta de revisão e alteração dos limites actuais do parque, que aguarda por aprovação.
Tal documento, continuou, apresenta um formato irregular e de difícil gestão, assim como uma proposta de zoneamento do parque, possibilitando um maior controlo da população animal e a integração dos habitantes.
O responsável admitiu que a população pode habitar dentro da zona de instalação, como, por exemplo, no caso da refinaria, mas, para tal, é necessário estabelecer limites e maior cuidado, uma vez que o país não definiu áreas de conservação claras na legislação.
Vladimir Russo acredita que, com a aprovação da proposta de novos limites, haverá melhoria na gestão do Parque Nacional da Cangandala e, de certo modo, permitirá a promoção do turismo, com a existência da Palanca Negra Gigante.
O seminário organizado pela Fundação da Kissama serviu, também, para apresentação do balanço das actividades realizadas em 2018, assim como as principais actividades planificadas para este ano, com destaque para a campanha de marcação, capturas e a abertura do santuário turístico no Parque Nacional de Cangandala.