Os governos africanos devem dar aos cabos de fibra ótica uma maior proteção contra ataques e harmonizar as políticas em torno dos layouts para incentivar o desenvolvimento da infraestrutura tecnológica, disse um executivo da Google na quinta-feira.
Charles Murito, responsável pelas relações governamentais e políticas públicas da Google em África, quer que a fibra seja classificada como uma infraestrutura crítica, dando mais protecção aos cabos terrestres e submarinos que suportam as comunicações do continente.
Os danos causados por organizações criminosas que procuram roubar baterias e geradores de estações base de torres e desenterrar cabos de fibra ótica aumentaram significativamente nos últimos anos, criando custos adicionais para os fornecedores de infraestruturas de rede.
“Quando se classifica isto como um investimento crítico, garante-se que, se as pessoas danificarem maliciosamente esse investimento, haverá repercussões severas”, disse Murito numa entrevista à margem da conferência Africa Tech.
A Google investiu em cabos submarinos intercontinentais, como o Equiano, que liga África à Europa, e em maio anunciou um novo projeto de cabo submarino chamado Umoja, a primeira rota direta de fibra ótica entre África e a Austrália.
Os responsáveis da indústria e das telecomunicações dizem que melhores proteções para as infraestruturas de fibra e torres móveis ofereceriam garantias aos investidores que ponderam a criação de empresas no continente.
Nos seus compromissos com os governos, Murito propôs também uma maior partilha da infraestrutura de cabos entre os fornecedores de serviços de Internet para reduzir os custos de dados e mais “harmonização” entre os países na forma como os cabos são instalados.
Outro obstáculo à expansão da fibra em todo o continente, onde a penetração da Internet móvel foi de apenas 27% no ano passado, é a variedade de regras em torno das permissões concedidas às empresas de telecomunicações e tecnologia para instalar, manter e atualizar infraestruturas.
Na África do Sul, o governo e o regulador instaram a polícia a prender os autores dos danos e disseram que as leis precisam de ser actualizadas para ter em conta as novas tecnologias, mas ainda não propuseram uma nova classificação para os cabos de fibra ótica.