Presidente da Câmara do Comércio diz que prioridade deve ser a melhoria do porto, enquanto autoridades da ilha pedem o aeroporto
A ilha de Santo Antão é a segunda maior em termos de dimensão e a terceira mais habitada de Cabo Verde, sendo uma das mais agrícolas e com maiores potencialidades para o desenvolvimento do turismo rural e de montanhas.
No entanto, a mesma não possui um aeroporto desde que foi encerrado, na década de 1990, o aeródromo da Ponta do Sol por falta de segurança.
Segundo os responsáveis locais, isto tem contribuído para atrasar o processo de desenvolvimento, mas o presidente da Câmara do Turismo afirma que neste momento faz mais sentido a aposta na modernização e ampliação do porto, na melhoria das redes viárias e noutras condições, antes de se avançar com o aeroporto.
Os santantonenses exigem que se acelere o processo para a construção de uma infra- estrutura aeroportuária, considerada pelo presidente da Câmara da Ribeira Grande, o maior município da ilha, Orlando Delgado como crucial para relançar a economia da ilha, evitando a saída de habitantes com realce para jovens, que procuram outros pontos do país e emigração para residir e trabalhar.
“Para haver equilíbrio e o desenvolvimento seja integrado do país pensamos que a infraestrutura motora para Santo Antão é a construção do aeroporto”, afirmou Delgado.
O sector do turismo contribui com 25% para o Produto Interno Bruto do país, mas o presidente da Câmara do Turismo entende que se pode e deve criar mecanismos para diversificar a oferta que está mais concentrada nas ilhas do Sal e a Boa vista, que oferecem sol e praia.
No caso concreto de Santo Antão, Jorge Spencer Lima considera que se justifica mais neste momento a aposta na ampliação do porto, porquanto afirma que a rota marítima que liga a ilha e São Vicente constitui uma das melhores coisas que funcionam no país.
Sem desconsiderar a necessidade de cada ilha possuir um aeródromo, Lima afirma que o maior incremento do turismo rural e de montanhas ganhará mais a curto e médio prazos com a melhoria de outras condições.
“Já temos navios de cruzeiros… por isso devemos ampliar e modernizar o porto para que haja maior fluxo…, factor que contribuirá para a melhoria da economia local… vamos melhorar as coisas por forma a criar condições reais, para o que grosso possa tirar proveito”, disse Lima, quem afirma que há chegar o dia que “todos vão ter o seu “aeródromo”.
O presidente da Câmara da Ribeira Grande, Orlando Delgado, discorda das opiniões contrárias em relação à pertinência da construção do aeroporto, afirmando que “qualquer cidadão de Santo Antão vai continuar a apanhar o barco para ir a São Vicente, mas estamos a falar da importância do aeroporto para ligar outras paragens para que o potencial que existe seja utilizado à bem das duas ilhas vizinhas.”
Do ponto de vista humanitário, o presidente da Cruz Vermelha Arlindo Carvalho é de opinião que cada ilha deve possuir estruturas apropriadas que permitam a movimentação de pessoas e bens, mormente nos tempos em que “somos confrontados com as alterações climáticas”.
Refira-se que das nove ilhas habitadas do arquipélago cabo-verdiano, apenas Santo Antão e Brava não possuem aeroportos neste momento.
Por Eugénio Teixeira