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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Cabo Verde: PR pede respostas a problemas graves para evitar “consequências futuras eventualmente nefastas”

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Apesar de haver “um mar de razões” para celebrar os 48 anos da Independência Nacional, José Maria Neves apelou a consensos, decisões e a um novo nível de espiritualidade

O Presidente de Cabo Verde considerou que os 48 anos de independência e os 32 anos de democracia exigem “outro patamar de desenvolvimento espiritual” para o país, cujas autoridades, sociedade civil e outros actores devem tomar medidas ante situações sociais preocupantes que podem ter consequências nefastas.

José Maria Neves fez estas afirmações ao discursar na sessão solene que marcou o 48o. aniversário da Independência Nacional, no Parlamento, nesta quarta-feira, 5.

“Constata-se, com alguma preocupação, que a sociedade civil continua espremida entre as tenazes das forças partidárias. A cidadania vive castrada e receosa, expressando-se de forma acanhada. O lugar de fala tem sido um reduto quase de exclusividade do poder político, que predomina de forma avassaladora nas áreas de atividade social, pública e económica”, apontou Neves, depois de enumerar um “mar de razões” para celebrar a data.

“As conquistas são inegáveis e o crescimento material é visível. Porém, para que também seja mais inclusivo e durável, terá que ter, como simetria, um forte crescimento espiritual”, afirmou o Presidente quem defendeu o surgimento de “outros hábitos mentais, outros costumes”.

Neves, continua, “neste sentido, é motivo de preocupação, o facto de, nos últimos anos, terem aumentado a taxa de pobreza extrema, a insegurança alimentar nas suas diversas vertentes e a desigualdade social. Igualmente, é particularmente enquietante a constatação de que 51.654 jovens, entre os 15 e 35 anos, estejam tanto sem emprego como fora do sistema de ensino ou formação, representando 29,2% do total dos jovens nesta faixa etária”.

Para o antigo primeiro-ministro, este cenário “constitui motivo de elevada preocupação, devendo merecer toda a atenção possível de todos os órgãos de soberania, a começar por esta Câmara dos Representantes do Povo, das autoridades competentes e da sociedade civil, sob pena de consequências futuras eventualmente nefastas”.

Neves reiterou que o retrato de hoje é radical e indiscutivelmente diferente do de 1975, “os ganhos são evidentes”, mas ” desgaste da democracia é global, entremeado com muito populismo e igual dose de simplismo daqueles que, desta forma, pretendem resolver problemas muito complexo” e, recomenda que “apesar das frustrações e de algum desencanto democrático, o caminho é revitalizá-la, renová-la, aperfeiçoá-la e defendê-la com veemência, evitando que ela se afunde”.

O Chefe de Estado cabo-verdiano reiterou que a sociedade “precisa de mais consensos e de entendimentos, e de mais respeito pela diferença e pela opinião contrária” e concluiu que “a política não pode ser um permanente campo de batalha”, embora “infelizmente, nesta arena, tem havido, por vezes, falta de maturidade, falta de lealdade constitucional e falta de respeito no relacionamento político”.

Na cerimónia, intervieram também o presidente da Assembleia Nacional, Austolino Correia, e os líderes dos grupos parlamentares.

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