Analistas cabo verdianos dizem que a participação de sete candidatos na corrida presidencial é sinal claro do interesse dos cidadãos na vida política do arquipélago, mas a luta ainda é desigual, por os candidatos com apoio dos maiores partidos terem melhores meios de campanha.
Os candidatos José Maria Neves e Carlos Veiga são os que contam com tal apoio, e os críticos dizem que facilmente convencem a população mais pobre.
“Eu acho que em Cabo Verde ainda falta idealismo político e isenção (…) as eleições cortam a possibilidade aos independentes, já queos outros baseiam a sua campanha na distribuição de dinheiro e outros materiais de propaganda”, diz Salvador Mascarenhas, líder da Associação Cívica Sokols.
Mascarenhas, que diz que há um grande déficit de cidadania activa no país, entende que é chegada hora das pessoas mudarem o comportamento, não se deixando levar por promessas de dinheiro e distribuição de brindes.
Por outro lado, Mascarenhas advoga uma eleição presidencial com candidatos deslocados dos partidos, apresentando-se ao eleitorado com ideais próprios e sempre na salvaguarda do povo e não de outros interesses.
“O presidente deve ser uma figura livre das pressões partidárias”, reforça o professor universitário, Wlodzimierz Szymaniak, que gostaria de ver uma luta mais equilibrada entre os candidatos.
Enquanto isso, no terreno, os candidatos desdobram-se em contactos para convencer o eleitorado que no dia 17 vai escolher o novo ocupante do Palácio de Plateau.
Há também críticas ao envolvimento de alguns autarcas, membros do governo, incluindo o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, nas actividades de campanha do antigo chefe do executivo, Carlos Veiga, apoiado pelo partido no poder, o Movimento para a Democracia.
Na sequência, o candidato mais velho e que concorre pela terceira vez, Joaquim Monteiro, chegou mesmo a pedir a Ulisses Correia e Silva para não carregar Veiga às costas.