O balanço do ataque de sábado à noite no norte do Burkina Faso subiu para 79 mortos, após as autoridades encontrarem 29 novos corpos, anunciou hoje o Governo de Ouagadougou.
“Vinte e nove novos corpos foram encontrados. O número junta-se a 50 corpos sem vida já encontrados, o que eleva o balanço provisório das vítimas do massacre para 79 mortos”, diz em comunicado o Governo, que acrescenta que as buscas continuam.
O Presidente de transição do país, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, já decretou um período de luto nacional de 72 horas, que começou às 00:00 de hoje (01:00 em Lisboa) e termina à mesma hora na noite de quinta para sexta-feira, sendo observado em todo o território nacional “em memória das vítimas do ataque perpetrado por indivíduos armados não identificados contra a comuna de Seytenga, na província de Séno, na região do Sahel, na noite de 11 para 12 de junho”.
“Durante esse período, as bandeiras serão colocadas a meia haste em todos os edifícios públicos e nas representações do Burkina Faso no estrangeiro”, sublinha o decreto, que proíbe “festas populares e manifestações de caráter recreativo”.
Segundo a União Europeia, que condenou o ataque, o número de mortes poderá ascender a uma centena.
O número de vítimas até agora conhecido faz deste ataque o segundo mais mortífero no Burkina Faso após o atentado de junho de 2021 na localidade de Solhan, em que morreram 132 pessoas segundo o Governo, ou 160 segundo fontes locais.
Seytenga já havia sido alvo, na quinta-feira, de um ataque por extremistas islâmicos, durante o qual 11 polícias foram mortos.
O exército do Burkina Faso anunciou ter matado cerca de quarenta extremistas islâmicos na sequência desse ataque.
As mortes do fim de semana “são represálias pelas ações do exército que fizeram uma sangria” nos grupos `jihadistas`, admitiu o porta-voz do Governo, Lionel Bilgo.
Segundo uma testemunha ouvida pela agência France-Presse, “os terroristas chegaram à localidade no sábado, dia de mercado, e começaram a disparar logo que entraram” pelas “16:00 ou 17:00” (mais uma hora em Lisboa).
“Eles alvejavam apenas os homens. Entravam nas lojas, uma por uma, e incendiavam algumas. Disparavam contra os que tentavam fugir. Ficaram na aldeia toda a noite”, acrescentou o homem, que após o ataque se refugiou em Dori, a cidade mais próxima.
Após o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba assumir o poder num golpe de Estado no final de janeiro, quando derrubou o Presidente Roch Marc Christian Kaboré, acusado de ineficácia contra a insegurança, os ataques desses movimentos afiliados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico pararam.
Mas, entretanto, recomeçaram e já mataram mais de 300 civis e militares nos últimos três meses.
O norte e o leste do país, que fazem fronteira com o Mali e o Níger, são as regiões do país mais afetadas pela violência extremista.
Desde 2015, os ataques atribuídos aos `jihadistas` já fizeram mais de 2.000 mortos e cerca de dois milhões de deslocados no Burkina Faso.