Dezenas de pessoas manifestaram-se nesta terça-feira, 4, em Ouagadougou contra a visita de uma delegação da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) para avaliar a situação no Burkina Faso alguns dias após um segundo golpe militar em oito meses.
A delegação da CEDEAO é chefiada pela ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa.
Com bandeiras russas e palavras de ordem a favor de Moscovo, os manifestantes mostraram a sua hostilidade à CEDEAO e à França.
“Não à interferência da CEDEAO”, “França fora”, “Juntos, digamos não à França” e “Viva a cooperação Rússia-Burkina”, foram algumas das palavras-de-ordem proferidas pelos manifestantes.
A delegação da CEDEAO chegou na manhã hoje ao país e deve reunir-se a qualquer momento com o novo homem forte do país, o capitão Ibrahim Traoré, soube a AFP junto de uma fonte oficial.
“Esta missão é um contacto com as novas autoridades da transição no quadro do acompanhamento que beneficia o nosso país”, por parte dos seus vizinhos da África Ocidental, declarou em nota de imprensa o capitão Traoré, que destituiu na sexta-feira passada o tenente-coronel Paul -Henri Sandaogo Damiba, que também chegou ao poder através de um golpe militar em Janeiro.
Ibrahim Traoré lembrou na ocasião aos manifestantes que “todos os que praticarem actos susceptíveis de perturbar o bom funcionamento da missão da CEDEAO estarão sujeitos ao rigor da lei”.
Antes da manifestação, pequenos grupos bloquearam estradas no centro de Ouagadougou para protestar contra a visita da delegação e pediram que as redes sociais fossem invadidas com mensagens hostis à Comunidade.
Durante o fim de semana, prédios diplomáticos e prédios representativos dos interesses da França foram atacados por manifestantes favoráveis ao capitão Traoré.