Protestos deste domingo foram organizados por grupos de direita que lideraram manifestações pela saída de Dilma Rousseff entre 2015 e 2016.
Cidades brasileiras voltaram a ser palco neste domingo (24/01) de carreatas para exigir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Desta vez, os protestos foram liderados por grupos de direita: o Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Para Rua, que lideraram as manifestações pela saída da presidente Dilma Rousseff entre 2015 e 2016.
Em 2018, os dois grupos apoiaram a candidatura de Jair Bolsonaro, mas posteriormente se distanciaram do presidente. Em publicação nas redes sociais para divulgar o protesto, o MBL afirmou que o governo Bolsonaro praticou “um dos maiores estelionatos eleitorais da história”.
As carreatas deste domingo ocorrem um dia depois de protestos semelhantes organizados por grupos de esquerda contra Bolsonaro. Os manifestantes afirmam que o presidente deve deixar o poder por causa da gestão catastrófica da pandemia e a falta de empenho do governo em garantir vacinas para os brasileiros.
Neste domingo, carreatas foram registradas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e cidades do interior paulista. Em São Paulo, os automóveis se concentraram inicialmente em frente ao estádio do Pacaembu, antes se percorreram várias avenidas da capital. Veículos traziam mensagens como “Quadrilheiro, corrupto, vagabundo. Impeachment Fora Bozo”.
Antes da carreata partir, os manifestantes cantaram o Hino Nacional e fizeram um minuto de silêncio em memória dos mortos pela covid-19.
“O ato de hoje foi revestido de simbolismo”, disse o coordenador nacional do MBL, Renan Santos, ao jornal O Estado de S. Paulo. “Fizemos o mesmo trajeto do primeiro ato contra Dilma, no dia 1º de novembro de 2014. Desta vez, de carro.” Outro líder do MBL, o deputado federal Kim Kataguari (DEM-SP), escreveu no Twitter que “a direita democrática e republicana quer o impeachment de quem nos usou para se eleger e nos traiu depois de eleito!”.
Ao longo de 11 meses de pandemia no Brasil, Bolsonaro minimizou repetidamente a gravidade do coronavírus. Recentemente, o presidente de extrema direita passou a alimentar desconfiança infundada sobre as vacinas, preferindo continuar a apostar em medidas ineficazes como o desacreditado “tratamento precoce” com hidroxicloroquina. Bolsonaro também repetiu várias vezes nos últimos meses sem nenhuma base científica que a pandemia estava chegando ao fim, além de criticar o uso de máscaras e sabotar medidas de isolamento social.
Seu governo também vem sendo alvo de duras críticas por causa da inabilidade em garantir vacinas para a população. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a afirmar em dezembro que o governo contaria em janeiro com 15 milhões de vacinas da AstraZeneca, mas o governo só assegurou uma carga de 2 milhões de doses, importadas da Índia numa operação caótica. A produção local desse imunizante também está atrasada, e só deve começar em março.
No momento, o país só conta com estoques significativos de Coronavac, a vacina chinesa promovida pelo governo de São Paulo, que foi alvo de ataques de Bolsonaro nos últimos meses.
Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta semana revelou uma queda acentuada na aprovação do presidente. O presidente é avaliado como ruim ou péssimo por 40% da população, contra 32% em levantamento divulgado em dezembro.