Brasil e França anunciaram nesta terça-feira o lançamento de um programa de investimentos na floresta amazônica brasileira e guianense envolvendo 1 bilhão de euros em fundos privados e públicos nos próximos quatro anos, de acordo com um comunicado conjunto.
O anúncio foi feito durante a visita do presidente francês, Emmanuel Macron, ao Brasil, no contexto de um plano de ação internacional para a proteção das florestas tropicais tendo em vista a COP30, a ser realizada em Belém em 2025.
“Reunidos em Belém, no coração da Amazônia, Brasil e França, países amazônicos, decidimos unir forças para promover um plano de ação internacional para a proteção das florestas tropicais”, diz comunicado conjunto dos dois governos.
“Nossa ambição é a de transformar a economia e investir em inovação, para ir além de uma abordagem focada apenas na conservação”, segue o documento.
Os eixos que integram as metas dos dois presidentes de olho na COP30 incluem um “grande plano de investimento global” público e privado para investimentos em conservação, manejo sustentável das florestas e valorização econômica dos ecossistemas e áreas florestais, entre outros pontos.
Um segundo eixo diz respeito ao programa de investimentos anunciado para a área de bioeconomia como objetivo de alavancar 1 bilhão de euros.
“Os presidentes expressaram seu compromisso com a conservação, a restauração e a gestão sustentável das florestas tropicais do planeta e concordaram em trabalhar em agenda ambiciosa, …especialmente com vistas ao desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores, de mecanismos de mercado e de pagamentos por serviços ambientais que apoiem a mobilização de recursos, na escala necessária, para fazer frente ao desafio de acabar com o desmatamento até 2030”, afirma o comunicado.
Macron e Lula visitaram, de barco, um projeto de desenvolvimento sustentável para a produção de chocolate numa ilha em Belém e, mais tarde, encontraram-se com líderes indígenas.
No evento, Macron homenageou o líder indígena e ativista ambiental Raoni Metuktire, também conhecido como chefe Raoni do povo kayapó, com a Ordem Nacional da Legião de Honra, a mais alta ordem de mérito da França, por sua luta para proteger a floresta tropical e os direitos indígenas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, que criticou o governo anterior do Brasil por não proteger a floresta tropical, iniciou uma visita de três dias ao país na Amazônia.
Apesar dos problemas do passado, as relações entre a França e o Brasil se recuperaram de um ponto baixo em 2019, quando Macron liderou uma onda de pressão internacional sobre o então presidente Jair Bolsonaro sobre os incêndios que assolavam a Amazônia. Bolsonaro acusou Macron e outros países do G7 de tratarem o Brasil como “uma colônia”.
“Após um eclipse de quatro anos e um virtual congelamento das relações políticas entre os nossos dois países durante a Presidência de Bolsonaro, estamos no processo de relançar a relação bilateral e a parceria estratégica com o Brasil”, disse um conselheiro presidencial francês na sexta-feira.
Por Ueslei Marcelino em Belém; André Romani e Steven Grattan em São Paulo