O Brasil acumulou em 2011 um deficit em sua conta corrente de 52,6 biliões de dólares, o maior de sua história, equivalente a 2,12% do PIB, apesar de um investimento estrangeiro também recorde, informou o banco central nesta terça-feira, em Brasília.
O resultado foi maior que o de 2010, quando o deficit alcançou os 47,300 biliões de dólares, e foi o mais alto desde que o Banco Central passou a realizar essa estatística, em 1947.
Apesar do aumento, o Investimento Estrangeiro Directo também bateu seu recorde em 2011, com 66,700 biliões de dólares, excluindo aplicações em acções ou títulos, num aumento de 37,4% eom relação a 2010.
O índice de conta corrente registra as compras e vendas de produtos e serviços, e é deficitário quando o gasto é maior que a renda gerada por transacções internacionais.
“Os países que como Brasil experimentam uma forte expansão económica, enfrentam uma valorização da moeda, que traz como consequência um deficit em conta corrente”, explicou à AFP Claudemir Galvani, professor de economia da Universidade Católica de São Paulo.
Assim, um país pode deixar de exportar bens com valor agregado (indústria) e se concentrar na venda de matérias-primas, ao mesmo tempo em que aumentam as importações de serviços e mercadorias porque a sua produção fica mais custosa, disse.
Segundo o especialista, o Brasil, sexta economia do planeta, “está dentro do limite tolerável (de deficit)”.
“Agora não se trata de um problema latente, mas com o passar dos anos pode gerar uma dependência do capital externo”, afirmou Galván.
Em 2011, o real foi depreciado em 11,18% eom relação ao dólar. Em 2010, houve apreciação de 4,6%, contra alta de 32,7% em 2009.
Fonte: Angop