Já existe solução para o Banco Económico. O governador do BNA José de Lima Massano está a liderar o processo de “salvação”, tendo proposto aos 10 maiores depositantes numa reunião que se realizou na passada terça-feira, entre empresas e particulares com excepção do Tesouro Nacional (4.º maior depositante), a troca de 35% do dinheiro que lá têm depositado por acções na futura estrutura accionista do banco.
De acordo com as contas feitas pelo Expansão, depois ter acesso a esta listagem, serão arrecadados cerca de 300 mil milhões de kwanzas no total, trocados por cerca de 78% do capital, uma vez que o Estado irá ficar com quase 20%, distribuídos entre três entidades da Sonangol, e o português Novo Banco, que ficará com 2,7%.
A solução para o “resgate” do Banco Económico começou a ser estudada no início de 2019 quando os accionistas confirmaram que não iriam ao aumento de capital necessário para fazer face às debilidades reveladas no teste AQA – Avaliação da Qualidade de Activos levada a cabo pelo BNA a mando do FMI, e que mostraram que a entidade bancária necessitava de uma recapitalização de 1,2 mil milhões de dólares, aos preços da altura, cerca de 850 mil milhões kwanzas.
Sendo o 6.º banco do mercado em termos de depósitos, tendo um número elevado de trabalhadores e tecnologia e considerado um banco “sistémico”, era necessário evitar a sua falência. Durante o ano de 2020, também em consequência da pandemia da Covid-19, a questão foi sendo adiada, o que leva a que o banco não apresente contas desde o terceiro trimestre de 2019.
De acordo com o apurado pelo Expansão, terão sido pedidas várias propostas ao Conselho de Administração do Banco Económico para resolver este “buraco financeiro”, mas nenhuma delas ia ao encontro das premissas definidas pelo Governo, ou seja, que o Estado não iria pôr lá o dinheiro, e que apesar da importância da instituição no sistema bancário angolano, não tinha essa disponibilidade financeira de por si ou através da Sonangol assumir o resgate.
Lembre-se que em anos passados se chegou a equacionar a possibilidade fazer um empréstimo obrigacionista para este efeito, mas voltava a ser o Estado a ter que assumir parte dos custos.
A possível utilização do recentemente criado fundo de resolução iria descredibilizar a medida do BNA, e abriria uma “guerra” com os outros bancos, na verdade os contribuintes, passando a ideia que esta medida tinha sido feita à medida para “safar” o Banco Económico.
A solução possível De acordo com o confirmado ao Expansão, é o próprio governador que está a falar com estes maiores depositantes, explicando com clareza que esta não é apenas a melhor solução, mas a única solução.