O Bloco Democrático acusa o governo provincial do Zaire de intolerância política. O partido diz-se indignado por o governo ter faltado a um encontro com o seu líder, Filomeno Vieira Lopes.
A comitiva do Bloco Democrático (BD), chefiada pelo seu presidente, Filomeno Vieira Lopes, não foi recebida pelo governo provincial do Zaire, na segunda-feira (20.12).
O partido diz ter anunciado a intenção de se reunir com o governo com sete dias de antecedência. A comitiva esteve a trabalhar na província no âmbito da implementação das estruturas do BD e queria apresentar os seus resultados ao governador, Pedro Makita Armando Júlia. Mas o governo provincial não recebeu os membros do partido.
“Nós tínhamos a intenção de apresentar – como manda a regra democrática, como mandam também as regras de prevenção de eventuais conflitos – o nosso elenco agora eleito ao senhor governador”, conta Filomeno Vieira Lopes.
“Formulámos os pedidos adequados, não recebemos resposta formal. Mesmo assim, fomos ao governo da província e constatámos que nenhuma entidade está neste momento em Mbanza Kongo.”
Melhor ambiente democrático é possível?
Dada a situação, o líder do BD convocou uma conferência de imprensa de última hora, para mostrar a sua indignação.
Filomeno Vieira Lopes considera a atitude dos governantes do Zaire um ato de intolerância política.
“Nós precisamos – sobretudo nesta época de pré-campanha eleitoral – o melhor ambiente democrático possível, e o conhecimento entre as pessoas entre as várias entidades é fundamental para que esse ambiente de tolerância e de entendimento se concretize”, justifica.
“Despartidarizar” o Estado
O Bloco Democrático integra a Frente Patriótica Unida, uma plataforma da oposição que tem como meta principal derrotar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) nas próximas eleições gerais, em 2022.
O MPLA está no poder desde 1975 e, para a oposição, é hora de haver uma alternância política no país.
Porém, segundo o líder do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes, primeiro que tudo, é preciso despartidarizar o Estado e acabar de uma vez por todas com a intolerância política.
“Esta intolerância que está a existir, só há uma maneira de ultrapassar isso: que os conceitos democráticos se instalem mais nas instituições e que haja um efetivo ideal, porque essas instituições sabem como se deve proceder quando é uma manifestação do MPLA. Os governos democráticos são eleitos para o povo. Não é um governo do partido para o partido”, critica.
Por isso, o líder do BD apela: “É preciso romper com esta mentalidade para podermos dar um salto qualitativo e criar as condições para podermos evitar estas intolerâncias políticas”.