A líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, exigiu hoje a libertação imediata da sua colaboradora e líder do movimento de protesto Maria Kolesnikova, que foi detida na fronteira com a Ucrânia.
“Maria Kolésnikova tem de ser libertada imediatamente, assim como todos os membros do Conselho Coordenador (para a transferência pacífica do poder) e os presos políticos anteriormente detidos”, afirmou Svetlana Tikhanovskaya, num comunicado divulgado na Lituânia, onde está exilada desde que foi anunciado o resultado das eleições presidenciais de 09 de Agosto.
“A missão do Conselho de Coordenação é ser uma plataforma para negociações. Não há outra solução e (o Presidente da Bielorrússia, Alexander) Lukashenko tem de perceber isso”, acrescentou.
“Não se pode manter pessoas como reféns. Ao sequestrar pessoas em plena luz do dia, Lukashenko mostra fraqueza e medo”, acusou Tikhanovskaya.
O Comité das Fronteiras Bielorrussas confirmou hoje a detenção da dirigente da oposição Maria Kolesnikova, raptada na segunda-feira no centro de Minsk por vários homens mascarados, que a colocaram numa carrinha e a levaram para um destino desconhecido.
O vice-ministro do Interior da Ucrânia, Anton Gueraschenko, disse, numa mensagem publicada na sua página do Facebook, que Kolesnikova tinha sido “retirada à força” da Bielorrússia juntamente com dois outros membros do Conselho de Coordenação, Anton Rodnenkov e Ivan Kravtsov, que na segunda-feira também estavam desaparecidos.
Estes dois membros do Conselho Coordenador estão actualmente na Ucrânia, segundo o serviço de fronteiras daquele país.
Kolesnikova terá sido levada de Minsk no mesmo carro onde já estavam Rodnenkov e Kravtsov, segundo avançou hoje a agência de notícias Interfax-Ucrânia, mas não pôde sair do país porque rasgou o seu passaporte e os guardas fronteiriços da Ucrânia não lhe permitiram entrar.
“A Maria Kolesnikova não foi retirada da Bielorrússia. Esta mulher corajosa conseguiu impedir a sua passagem na fronteira e ficou no território da República da Bielorrússia”, referiu o ministro ucraniano.
Segundo a agência Belta, órgão oficial da Bielorrússia, a líder da oposição foi presa na fronteira com a Ucrânia quando tentava sair ilegalmente do país.
Kolesnikova, membro do Conselho de Coordenação, é a única das três mulheres que enfrentaram o Presidente Alexander Lukashenko na campanha para as presidenciais que continua em Minsk, já que a líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, e Veronika Tsepkalo partiram para o exílio depois das eleições.
Dos sete membros do Conselho de Coordenação, apenas dois – o jurista Maxim Znak e a escritora Prémio Nobel de Literatura Svetlana Alexievich — continuam em liberdade na Bielorrússia.
A Bielorrússia tem sido palco de várias manifestações desde 09 de Agosto, quando Alexander Lukashenko conquistou um sexto mandato presidencial.
Nos primeiros dias de protestos, a polícia deteve cerca de 7.000 pessoas e reprimiu centenas de forma musculada, suscitando protestos internacionais e ameaça de sanções.
Os Estados Unidos, a União Europeia e diversos países vizinhos da Bielorrússia rejeitaram a recente vitória eleitoral de Lukashenko e condenaram a repressão policial, exortando Minsk a estabelecer um diálogo com a oposição.